domingo, 30 de janeiro de 2011

O PATINHO CISNE

Houve o tempo em que os animais falavam menos que hoje como homens. Naquela ocasião, aconteceu um dia de uma patinha chocar três ovos. Deles saíram três patinhos.

Patinhos, como se sabe, aprendem rápido a andar e nadar. Assim, logo logo já seguiam a mãe pelo bosque onde viviam, e nadavam lindos todos no lago.

Um dos patinhos no entanto, era diferente.Nadava com as asinhas de um jeito que fazia com que a pata estranhasse sua aprendizagem e a confundisse, às vezes, com alguma inabilidade.

Pois bem, assim que os patinhos cresceram um pouco, a pata considerou levá-los para um exame de saúde. O posto de Serviço Patológico Nacional ficava do outro lado do lago; era autarquia do governo e funcionava bem como sempre quando se trata de atender aos cidadãos que dela tem necessidade.

Por precaução, decidiu levar os dois patinhos de nado sincronizado e deixar o outro para o ano seguinte, quando mais velho estaria em melhores condições para um nado de fôlego como aquele.

Preparou o ninho para o filhote, deixou instruções, indicou as comidinhas, transmitiu cuidados e partiu com os outros dois.

No Sepana as coisas demoraram...e demoraram...e preenche requerimento, e aguarda fila, e agenda por isso e por aquilo. Três longos dias se passaram.

A pata preocupada não conseguia comunicar-se com o filhote do outro lado, para dizer-lhe ao menos "meu filho, mamãe está bem, te ama, voltará logo, cuide-se".

E do outro lado o bichinho preocupado, abandonado, crescia, pois tres dias eram muito tempo para seu metabolismo.

Enfim, a pata chegou. Ao avistar a casa, deu de olhos naquele pato pescossudo, forte e grandalhão, com ares de dono do terreno.

Por Deus do céu! A primeira idéia foi que aquele emplumado atacara seu filho, comera-o e agora se abancava. Preferiu averiguar. Junto com os dois patinhos, escondeu-se atrás de uma moita e ficou espiando o bicho.

O bicho, por sua vez, já por demais preocupado com a ausência paterna - que seria materna se fosse filho da mata - resolveu entrar no lago e ir a procura da pata e dos irmãos.

Nadava maravilhosamente; sua elegância, a graça, causaram espanto e aumentaram a desconfiança parental. A pata pensou: "quem será este que não reconheço?", um patinho pensou "que nado lindo, diferente do de meu irmão"; e o outro: "esse bicho tem um quê de pato, mas é outro tipo". (Continua no próximo episódio)

Maria José de Menezes

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