quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O Álibi da Libido

Havia naquela sala outra pessoa
que se deitava e salivava
debruçada sobre mim.
Se alimentava de pele morta dos meus
dias e regorgitava meus desejos.
Prometia e voltava
cometendo sempre o mesmo crime
imperfeito e com-sentido,
tornava a me violar e distender
o hímen de homem complacente.
Trazia entre os dentes um ritmo
impróprio e eletrificava meu dia,
tinha o cheiro das minhas horas mal
passadas:
Me re-metia, aos poucos, pelas portas
de um porto , pelo parto de cada
manhã.
Pipocava seus fogos fictícios
no céu escuro dos meus orifícios,
da minha cabeça silenciosa...
Estalava meus ossos na arte do ofício
na arte do artifício...
Na alma fria, intocada, me
entocava...
Embócava lava, aliviava, alinhava,
conspirava contra minha dor,
transpirava e me inspirava,
expirava e respirava meu amor,
me provocava sua9s) dores.
Me levava a matutinas ereções
solares...
Me pegava no colo,
me pegava na veia
pegava no nervo exposto,
no músculo,
maiúsculo,
nervo másculo...
Expandia os sentidos
em todos os meus sentidos,
E era tanta a falta de sentido,
que ressentido
ficava sentado com os sentidos todos
embaralhados...
fazia-me coo-romper o verso, o
orgasmo,
subverter o verbete,
romper o verbo,
(verborragia)
derramar a rima.
Provocando a combustão espontânea da
emoção,
Incitando as minhas carnes ao fogo-
fátuo,
Excitando ao jorro farto do tempo
ejaculado.
Permitindo paz e prazer pulularem
a esmo num mesmo pequeno corpo
cansado...
E numa boca fria, ressecada, pingava,
fazia,
passava sua língua quente e afiada,
molhada de poesia...

Corazón H Lopez


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