sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

ESTELA





Sei que plena de tarde Estela espera
e na janela suspira, anseia e arde
e seus olhos apelam tênues estrelas
que ela quer despertar às seis da tarde.
Mas o fusco que desce a empalidece
quando nuvens se vestem multicores
se preparam, talvez, pra alguma festa
mas estrelas nenhuma lhe aparecem...
e da janela padece, parda e vela.

Quando a pele da face lhe emudece
e no impudico da hora a noite despe-se
sob um ínfimo véu, estrelas tecem
sobre a pele da noite, louras sardas...
espelhadas nos olhos que me esquecem
elas brilham alheias à minha espécie
pois, vestida de noite, Estela estrela
e me investe um medo de perdê-la...

Meia noite e meia ela me encontra
meio feita de fome e meio pronta
e com gosto de céu no céu da boca
ela pasta do fogo em minha pele
que de tanto esperar tem sede dela.
Muito louca, ela esfera estreitos cheiros
e profere gemidos em língua bela
que me xingam de amor a noite inteira
e encabulam as estrelas da janela.

Certas horas da noite o sono acorda
e ela agora dormindo borda sonhos
e se deixa banhar na brisa morna
e seu dorso de alvores furta cores
ao arfar evapora a cor da aurora
e no céu que aniliza estrelas tardam
o sol flora e ao vê-la se apavora...
pois na pele de Estela estrelam sardas
e as estrelas que restam desarvoram.

Altair de Oliveira – In: O Embebedário Diverso
*
Para ver mais:http://poetaaltairdeoliveira.blogspot.com.br/
 

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