quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Todo dia é um ano na eternidade




"Enquanto a terra durar.
sementeira e colheita,
frio e calor,
verão e inverno,
dia e noite
não mais cessarão".
(Gênese 8, 23)

Como a serpente que morde a própria cauda, um ano é a medida de um processo cíclico completo. Os astrólogos dividem o ano em hemisfério masculino, espiritual, que vai do equinócio do outono ao da primavera e cujo meio (o solstício de inverno) é a porta dos deuses, e hemisfério feminino, material, que vai do equinócio da primavera ao do outono, e cujo centro (o solstício de verão) é a porta dos homens.
Todo ano, dessa maneira, contém um processo de ascendência e de descendência, um movimento de evolução e involução e anuncia um retorno periódico do mesmo ciclo. Trata-se de um modelo reduzido de um ciclo cósmico. Isso significa que 1 ano não é necessariamente o conjunto de 365 dias, mas qualquer conjunto cíclico que possua esses atributos. Ao acrescentarmos uma idéia de unidade, fechamos simbolicamente o ciclo, como se estivéssemos fora dele. Não se trata de um dêsvinculamento do processo cíclico, mas de um momento de reflexão do ser diante um ciclo que se encerra.
Se pensarmos em termos analógicos, podemos estender a idéia de um processo cíclico para um único dia. Em meu Dia participo da ascensão quando desperto e vejo o Sol se dirigir ao poente, quando em sua descendência, cede lugar a Lua e a Noite. Temos 1 ano em um único dia.
Se pensarmos que em 1 hora podemos ter pensamentos e sentimentos ascendentes, que evoluem de formas primitivas até pensamentos mais elaborados e complexos para, logo em seguida, sermos abatidos pela impossibilidade prática de realizá-los, temos 1 ano em 1 hora.
Assim, podemos reduzir até a mais ínfima partícula de tempo através de nossa imaginação e supor que este universo existe sob uma tensão anual microcósmica que se expande em uma tensão anual macrocósmica (a eternidade, ciclo infinito), na qual nós, seres humanos, participamos ativamente e passivamente. Ora compreendendo os ciclos que regem o sistema de nosso planeta e agindo sobre ele (como na agricultura, por exemplo), ora servindo ao ciclo que rege o universo através do nascimento e da morte.
Todo dia é, simbolicamente, um ano na eternidade.

Augusto Meneghin

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