quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Amorte




Quando o não-ser
Dos dias
Cala a perna.

E o coração:
Roda-desesperada
Nos trava a boca.

E a língua:
seca.

E a mão com pressa:
A vida transborda,
Dirás dos meus olhos
Vermelhos e falhos
Ter visto um suor pálido
Antes e depois
Da última dose
De querer-te
E sentir só:
O trago.
É nessas noites-tardes
Que a saudade
Me beija montando
os dentes
e tem o cheiro
de um sangue doce
e te perco à primeira vista
e o nosso amor nos cria
como órfãos.

Julio Urrutiaga Almada

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