"E nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre."
À Manuel Bandeira, consagro
Eu
Faço versos
Como quem ora
Desfiando o tempo
Esse infinito terço
Entre os dedos
Da minha mão
Como essas notas
Que eu ofereço
Pequenas contas
De uma emoção
Eu
Faço versos
Como quem chora
O pranto eterno
Mãe da noite escura
Que perde o filho
Quando rompe o dia
E em desespero
Vê chegar a aurora
Eu
Faço versos
Como quem mora
No leito triste
De uma câmara fria
Compondo um tecido
Versos de agonia
Neste curto espaço
Onde só cabe agora
O aço
A lâmina dura
Que em mim demora
Dor que me carrega
Madrugada afora
Numa viagem cega
Mal que não tem cura
Sandra Fonseca
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