Há pessoas que eu amo
e a elas reservo meus melhores pensamentos
minhas vitórias silenciosas numa mesa de bilhar
as músicas dilacerantes que ouço sozinho deitado no chão da
minha sala
o café da manhã que faço e bebo sozinho imaginando diálogos
de uma peça que ainda vou escrever
minhas caminhadas sem rumo pelo centro da cidade
meu despertar tentando divisar algo no escuro do quarto
apenas a luz vermelha da tv que esqueci ligada
minhas fugas diárias
meu exílio voluntário
minhas distrações oportunas
o sorriso que aparece atrevido no meio do rosto quando nem
acreditava mais que ainda podia contar com ele
a vontade de sair dançando pela sala sempre que ouço when
the music stops
o intervalo que sucede o próximo fracasso
então eu simplesmente entro no ringue de cabeça baixa e com
a certeza que o protetor está no lugar
vou cuspir algo mais que dentes nessa noite sem encrenca
há pessoas que eu amo por aí
mas elas nem precisam saber disso
(Mário Bortolotto)
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