domingo, 9 de agosto de 2015

oleiro amoroso


                                              
de fazer-te estátua,
entre bruma e arpejos,
quebrei-te com gosto,
com presta destreza.
               
de atirar-te aos cacos
no charco, entre juras,
beijo de dois gumes,
sem dó atirei-me.
           
de colher os cacos
para rejuntá-los
com a lama mesma,
                
imunda, te amei,
com gosto e destreza,
sem dó, como nunca.

          Rodrigo Madeira

(sol sem pápebras, 2007)

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