Feito de pães amanhecidos, embrulhados no cinismo de jornais antigos, os olhos para sempre ardidos, infinitos bicos por medidos pratos de comida, sapatos passados ao rés-do-chão de melhores tempos, carteiras finas de fotografias amarelecidas, mais papeizinhos do que documentos, mais esperança que crédito, mais cansaço do que urgência, mais ferida que pele, mais família que tradição, mais deuses que dentes, mais doentes que psicopatas, autofalantes que ouvidos, pra sempre rendidos, atados a cintos cujos furos crescem à olhos vistos sobre cinturas minguantes... dormem brasileiros nos berços esplêndidos dos bancos da praça , como bandos sem graça, cercados de horizontes concretos onde dão com a cara..
Fernando Bonassi. in "Da Rua "
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