sábado, 2 de abril de 2011

Vento Sul

Se me toca a noite turva

Vem-me tua presença sorrateira

Lunares brilhos, sons inimagináveis.

Se meu mal me alforria

Tenho-te o bem numa redoma

Porões de mim.

Indigna retorno-me pensar

Que todo o impuro, abstraio

Posto que me seja dado

Tudo que de puro é.

Autorizo-me audaciosa

Suspirando do fogo incólume

Transpirando teus suores.

E se me foge a noite

Desenho-te na vidraça embaçada

O perfil de mim

Que te sai da boca

Num beijo muito dentro

Muito perto

Muito junto.

Submeto-me a tortura

Que vem da ausência tua

Nestas noites de lua cheia

Norteando verões

Trazidos dos teus ventos, sul.



Cássia Da Rovare

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