quinta-feira, 14 de abril de 2011

Poema

 Era outra a mulher que ali caía

Desciam-lhe sobre os ombros

Cintas e vestidos roxos.

O perfume do banheiro

No espelho da madrugada:

Jurava-lhe lascas de uma dama.

No sem-sentido daquela manhã

Hematomas de solidão:

“Desculpe, vou me atrasar.”

Os estilhaços, minúsculos e grandes, aspiravam

Outra mulher caída

E seus pequenos tormentos em cima da hora.

Serena Assumpção

Nasceu e vive em São Paulo há 30 anos. Estudou Letras no Mackenzie e Política e Sociologia no Stantobury Campus da Inglaterra. Mas foi dar aula de percussão na Efterskole da Dinamarca. Produtora cultural, fez a coordenação editorial da revista Arquitetura Cultural (Brant Associados) e do songbook PretoBrás (Ediouro), além de traduzir os livros da Unesco Humanidades no Patrimônio (Urbano e Natural) no Brasil. Cantora, compôs com André Abujamra a música “Tempo”, que gravou no cd Infinito de Pé (2004), e participou das primeiras formações da banda paulistana DonaZica. Atualmente vem produzindo Namburuquê, registro em cd de pontos de candomblé, e trabalha na tradução de poemas de Leide Moreira

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