sexta-feira, 22 de abril de 2011

Construo um navio com nuvens da infância


e meu sonho navega num céu de saudade.

O sol colhendo amoras no sítio da alvorada

um velho engenho recendente da garapa

jorrando da moenda de aroeira adocicada.



As batidas inocentes pelos clarões do céu

e as colinas de assa-peixes floreando paz.

As quaresmeiras roxas, os ipês frondosos

a sombria constância das estradas baldias

os capoeirões dos carrancudos cambarás.



O canto triste dos carros-de-boi cá dentro

do meu peito onde escuto bater a solidão

das porteiras dos apriscos de minha alma

de plantão no abismo da doce melancolia

que assiste o fazendeiro do meu coração.



Construo um navio com nuvens da infância

e meu sonho navega num céu de saudade.

Do murmúrio infantil das águas cristalinas

do crepúsculo nas calmarias do horizonte

por onde fluem os ribeirões da liberdade.



Afonso Estebanez

Nenhum comentário: