terça-feira, 12 de abril de 2011

OBSOLESCÊNCIA DA MORTE

A morte é de uma mesquinhez absolutamente grosseira e inútil.

Pudera mentir-se tanto para mitigar a dor da sua incoerência patética,

                           [da sua avassaladora inoportunidade.



Anelo pelo dia em que o humano, finalmente, abdicará de morrer.

E, segundo as ciências, essa bem-aventurança está bem próxima!



Transplantes de órgãos, e de órgãos clonados crescidos em estufas;

Engenharia e reengenharia genéticas;

Medicina nanorrobótica;

Sangue artificial.



Ah, que muito em breve, poder-se-á viver por um milênio!

E: sempre jovens!

                       A morte está à beira da obsolescência.



A única tristeza que me fica em ver crescer a geração bendita

Do homo immortalis

É não poder eu mesmo acompanhá-la... é me saber finito e rumando

para o apodrecimento e o verme, o esquecimento e o granito negro

mental e desmental, antimaterial. O sempiterno emparedado, infando.



Ao menos, me fiquem as letras que, se a letra mata, também eterniza;

Se cega, também guarda luz e eco. E encerra inteligência artificial!...



Quiçá a letra é o primeiro nanorrobô contra a morte.





Igor buys

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