domingo, 3 de abril de 2011

O MONSTRO DOS BUEIROS DE COPACABANA

Na noite calma, igual a tantas outras





vestida de prata, meia-calça cerzida

e novamente rasgada, batom violeta

e automóveis rorejados de néons cal-

eidoscópicos, brasinos verdes lilases;

na noite vestida de dia amarelo tenso

à porta do motel e do cine privê uma

criatura mortal se esg-

ueira se esconde, serpenteia e faísca.





Pelas gretas do bueiro escuro, ela espia...

Observa o humano em seu trágico enleio,

sua vã boêmia e lodosa paixão pela treva,

pelos vícios da noite, descolorada e puta.





Copacabana não é mais a mesma,

faz tempo.

O turismo predatório impôs a sua marca

e uma vida noturna decadente jorra agora

por sobre o calçadão e o mar, por sobre os

carros que passam e as calçadas que ficam

brancas, pretas, sinuosas.





Mas eis que um ronco sinistro

e mui sinistro se eleva do solo, de súbito!...

Estremece a calçada, o letreiro dependurado

em amarelo ovo...

Ou foi só impressão?...





Olhares ébrios, prostituídos

procuram a origem do sismo... Ora,

foi cisma.

Só pode.





As gargantas se desapertam, então, e as vozes

se soltam de novo:

em gritos gagos de gozo sem alegria arraigada

a noite segue.


Igor Buys


Leia o final aqui: http://poesias-igorbuys.blogspot.com/

Nenhum comentário: