Na noite calma, igual a tantas outras
vestida de prata, meia-calça cerzida
e novamente rasgada, batom violeta
e automóveis rorejados de néons cal-
eidoscópicos, brasinos verdes lilases;
na noite vestida de dia amarelo tenso
à porta do motel e do cine privê uma
criatura mortal se esg-
ueira se esconde, serpenteia e faísca.
Pelas gretas do bueiro escuro, ela espia...
Observa o humano em seu trágico enleio,
sua vã boêmia e lodosa paixão pela treva,
pelos vícios da noite, descolorada e puta.
Copacabana não é mais a mesma,
faz tempo.
O turismo predatório impôs a sua marca
e uma vida noturna decadente jorra agora
por sobre o calçadão e o mar, por sobre os
carros que passam e as calçadas que ficam
brancas, pretas, sinuosas.
Mas eis que um ronco sinistro
e mui sinistro se eleva do solo, de súbito!...
Estremece a calçada, o letreiro dependurado
em amarelo ovo...
Ou foi só impressão?...
Olhares ébrios, prostituídos
procuram a origem do sismo... Ora,
foi cisma.
Só pode.
As gargantas se desapertam, então, e as vozes
se soltam de novo:
em gritos gagos de gozo sem alegria arraigada
a noite segue.
Igor Buys
Leia o final aqui: http://poesias-igorbuys.blogspot.com/
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