domingo, 29 de dezembro de 2013
Adoro Billie.
Eu vi você á beira de um rio
Garimpando nas águas (arte)
Pedras preciosas, pepitas escolhidas
Selecionadas pelo teu olhar
Pálpebras abertas da sua alma
Sensível
Trazes ao nosso tato, contato
Alegria de viver, amar e sonhar.
Arte, tesouro guardado que arde
A(viva) chama que ilumina nosso caminhar.
Lisa Köe
Um toque
O escritor para viver da sua arte tem que ser artista duas
vezes. Conheço um poeta que escreve suas poesias em papeis imaginários e tenta
vende-las, tem também o escritor que se pinta de palhaço e aprendeu malabares
para vender seu livro, verdade que sua performance sem palco é superior a sua
literatura. Eu fui agraciado pelo dom da oratória, creio ser de fato um
contador de historias, escrevo a duras penas para não perdê-las, sou criativo,
mas fraco de memória. seja qual for seu propósito, não carregue sua literatura
nas costas, poderá ficar arqueado, esse ideal é pesado demais!
Damásio
U F C
Felipe Hirsch
ufc não é esporte. esporte não é arte. o que aproxima o
esporte da arte é sua filosofia. a luta, mesmo livre, pode conter toneladas de
filosofia. não dessa maneira. em cassinos, tvs abertas, com bilhões
contratuais. isso é um circo fundado em violência e estupidez (a nossa). nunca
tinha visto, mas é pior do que eu imaginava. e sem charme. se, pelo menos,
acabasse em sexo, seria mais animal. não precisa ser esporte pra existir. muito
menos arte ou arte marcial. qualquer coisa se inventa e serve. quer assistir
esses lesados milionários? quer presentear seu filho com um gta? terá sempre
alguém pra te vender isso.
Você quer um ano novo diferente e de muita paz?
Se você quer um ano novo diferente e de muita paz, fique,
durante todos os dias, somente, com as qualidades, com as virtudes e com as
coisas boas de todas as pessoas. Feche os olhos, os ouvidos e não comente o
lado negativo de ninguém. Infelizmente, dá-se muito valor ao lado podre e
decadente do cada pessoa. Um ano novo diferente e de muita paz se constrói com
o lado bom e positivo de todo ser humano.
Roberto Pelegrino – escritor.
Também se trabalha nas férias, mas a rotina de cozinhar,
lavar e limpar a casa e bem mais agradável do que na cidade. Além do mar, entre
uma e outra atividade, ver uma revoada de andorinhas, o gato brincando com uma
folha voando ao vento. Diferente dos anos anteriores, o sentimento de paz e
imenso. Apesar dos problemas. Apesar de minhas imperfeições. Estar junto da
natureza e uma experiência de maior compreensão do que significa a vida. O
pequeno se torna grande. Não e preciso temer a morte. Entendo porque os índios
vivem em paz e porque conviver com eles e os caboclos acaba se tornando uma
experiência transcendente. Amor não e paixão, nem romance. E respeito. Não sei
porque vivemos dentro de prisões nas cidades. Esquecemos de deus, o deus
primitivo, não o das igrejas, E o que inspira e conspira. Entretanto e
impossível deter a marcha do progresso. Será que 2014 será o início da
construção de minha pequena aldeia?
Marilia Kubota
De copo vazio
Ao gosto que falta
embriago os ossos
sob densa camada natal
glória e desepero
se sou eu ainda aqui
olhe uma manhã
eu não encaixo
insiste o tempo e a vontade
alheia
urra ao gosto que não sou
mais
chega o exausto
pensamento
tudo agora recém perdido
o que havia antes que
falta agora?
é desespero no lugar do
sonho
Redson Vitorino em Petrópolis
sábado, 28 de dezembro de 2013
RELATO
DAa paisagem da sombra
não te direi mais nada.
Percorre-se.
Em cada canto
um abismo.
E entre o pasmo
e o riso
caem pessoas
mortas.
Yvette Centeno
Trova do Vento que Passa
Manuel Alegre
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Ler mais:
http://www.portaldaliteratura.com/poemas.php?id=1354
A RUBRICA DO INVENTOR
Paulo de Toledo
a vida sumiu do mapa
só resta na linha de fronteira a baba
dessa língua morta
que não tem nem linha onde cair torta
Retorno
chegar de viagem
entrar sem vacilo pela porta da frente
deitar a bagagem na sala
percorrer a casa
cômodo por cômodo
de canto a canto
e concluir
aqui é o paraíso
*líria porto
a canção do camelo
desse deserto conheço cada grão de areia
à noite me segue sempre a mesma estrela
você é meu oásis e minha tâmara
rara como brisa em flor de âmbar
estou vivo dentro de uma natureza morta
não reconheço minhas próprias pegadas
nem a impressão de minhas passadas passadas
atalhos que me trarão de volta
do alto, você chamusca o chão que eu piso
minha sombra é uma nuvem de gafanhotos
por esse mar arenoso eu deslizo
a sede dos meus cantis rotos
bebe a areia que virou vidro
e eu blatero ao sol meus perdigotos!
édson de Vulcanis & marcos prado
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anjo da morte
a morte é o último mistério da vida
quando você morre e não esquece de deitar
vira uma forma nebulosa na subida
que vive suspensa em qualquer lugar
além-túmulo, existirá vida possível?
zumbem como moscas respostas amorfas
tem muita gente que ainda crê no incrível
dormem acordadas, sonham consigo, levantam mortas
assombrado de estar vivo
a morte é um estado de espírito
sou o ser que quer ser redivivo
sozinho, morto, morto, morto, não consigo
édson de vulcanis & marcos prado
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édson de vulcanis & marcos prado
Ade Scndlr
http://revistamododeusar.blogspot.com.br/2013/12/max-oravin.html
"quando ainda morávamos na pedra
na pedra como fazem os corais
esparramando-se no mar azul aéreo
com as próprias mãos formando o cérebro
até que a lama do cérebro derramou-se
e confluíram em canto
os neurônios sob a pele"
O poeta austríaco Max Oravin na modo de usar.
Antes que o Mal de Alzheimer roubasse toda sua memoria,
tratou de guardar numa caixa de sapato as melhores lembranças.
Ao ouvir a sirene, o afro-brasileiro ficou esperto, saiu
correndo, bateu o cartão e foi embora. Não ia fazer horas extras naquele dia.
Filha da puta choroso! Só enxuga as lágrimas quando sua mãe
volta para casa de madrugada.
JDamasio/ NUM PISCAR DE OLHOS /2014
GORDURA LOCALIZADA
Da "Lira dos Cinquenta e Um Aninhos":
GORDURA LOCALIZADA
Enfim, o sobrepeso!
Receitou-me a dieta da lua
e uns abomináveis
abdominais.
(À lua,
sei uivar como um lobo.)
O heroísmo nosso de cada dia:
sonhar horizontes
numa
esteira rolante.
“Meus avós rasgaram
mouros,
cruzaram mares...”
Mas você corre, Marcelo!
(Marcelo,
para onde?)
Marcelo Sandmann
Adriana Zapparoli
" entre passos e lembranças, há ancas avessas, ascos de
histórias tantas, e belezas secundinas. na ira de tanto pranto, há talco de formigas,
caprichos em estâncias, por tudo aquilo que te regurgita.e, ainda que se veja
nessas entranhas, no fluxo da testosterona,em duas baratas em baixo da cama,
nos litros de espermicidas,há sempre sanhas de esperanças ...como são os ácaros
que se aglutinam na taça de gelatina, na fumaça da cigarrilha e na quirela dos
pintainhos. é primavera ... "
-- fragmento de minha plaquete em edição bilingue FLOR DE
LÍRIO
(Lumme Editor, 2012 S.P)
ALGOL
Primeiro pegarei
nas tuas mãos
procurando os sinais
de difícil leitura:
cefeidas
supernovas
planetas exteriores
em que pulsa
a memória
em que o destino
quebra
e a morte se introduz
como estrutura.
Yvette Centeno(1940) poeta, ensaísta e
tradutora portuguesa.
Fonte : Cláudio Daniel
ROSAS DE SAROM
Toma posse dos frutos do teu amor
ainda na tenra idade, como quem colhe
as rosas que primeiro desabrocharam
na orla do teu jardim...
Toma posse dos frutos da esperança
como o fazem os jardineiros de Sarom
que aguardam a floração das rosas
entre as sarças do Hebrom...
Toma posse dos frutos de teus sonhos
ainda que estejam verdes, como as aves
retomam entre os ciprestes do deserto
o seu ninho de esmeraldas...
Toma posse dos frutos de teu perdão
antes que seja tarde, como os pássaros
que reconstroem seu último refúgio
entre as pedras atiradas...
Toma posse de tuas ocasiões perdidas
mesmo que nunca reencontradas
como o fazem os lírios dos campos
que não precisam de nada...
Toma posse de teus ingênuos devaneios
como as rosas de Sarom o resplendor
e dos botões-de-ouro de teus seios
nas dunas do teu formoso amor!
Afonso Estebanez
Cogito
eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível
eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora
eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim
eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim.
- Torquato Neto, em "Os cem melhores poemas brasileiros
do século", [seleção e organização Ítalo Moriconi]. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2001, p. 269.
sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
O armário tomado
12 de fevereiro de 2013 às 09:40
Por Susan Blum
Il dépend de celui qui passe
Que je sois tombe ou trésor
Que je parle ou me taise
Ceci ne tient qu'à toi
Ami n'entre pas sans désir*
Começou com um. Um só. Um apenas.... não é assim que muitas
coisas começam? Estava passando pelo centro e resolveu entrar em uma loja
quando um homem o ofereceu. Quando o viu, (o achou bonito e) não resistiu à
curiosidade...
Sabia que os pais não queriam isso em casa, mas a paixão já
o dominava. Comprou. Sofregamente o abraçou, sentindo-o quase que a vibrar em
seus braços, mas podia ser a sua própria vibração refletindo nele.
Chegou em casa, com ele escondido dentro do casaco, pois
seus pais – que ele considerava antiquados – achavam que isso trazia doenças e
dependências, podendo até levar à loucura.
Entrando rapidamente no quarto logo trancou a porta.
Colocou-o em cima da cama e ficou observando-o e acariciando-o por um tempo.
Depois procurou um local adequado onde pudesse guardá-lo. O armário! Sabia que
a mãe nunca mexia em seu armário, pois ela tinha o hábito de deixar a roupa
lavada e passada em cima de sua cama para ele mesmo guardá-la. Disciplina,
dizia ela. Ajeitou uma prateleira e lá o colocou, com cuidado.
Sentia um carinho estranho por ele. Sempre que estava a sós
no quarto, com a porta bem trancada para prevenir surpresas, o pegava
docemente. Quando o apartamento estava vazio, pois seus pais saíam muito ou até
viajavam, o levava para a varanda, ou para o sofá da sala, e até mesmo dormia
com ele em sua cama.
Sempre retornava à loja em que o homem lhe oferecera. E o
homem continuava a oferecer outros, sempre recusados, com medo de “ofender” ou
“magoar” ao primeiro (como se fosse possível a ele compreender algo tão
complexo!).
Porém um dia o homem lhe mostrou outro que fez a paixão
transbordar de novo. Não conseguiu resistir. Comprou. O segundo fazia companhia
ao primeiro no armário. Chamava a um de Allan e ao outro de Julio. “Hoje vou
dormir com o Julio” e deixava o Allan em sua prateleira. Às vezes os dois iam
juntos lhe fazer companhia no leito.
O problema – não é de praxe aparecer problemas? – é que ele
descobriu que era de se apaixonar facilmente, pois um terceiro, um quarto e um
quinto foram se seguindo na fila. Até que um dia percebeu que o armário estava
lotado, com as gavetas e prateleiras entupidas deles, amontoados uns em cima
dos outros. A mãe estranhava ele se desfazer de tanta roupa ainda boa, doando
aos pobres. Era uma tentativa de arranjar mais espaço para eles.
Um dia, trazendo o quingentésimo nonagésimo nono, viu que
não caberia mais no armário. Chamou a irmã para seu quarto, trancou a porta e
mostrou a ela o armário entupido deles. Ela imediatamente se apaixonou por
alguns e disse que cederia parte de seu armário para eles.
Os armários de ambos foram sendo tomados por esses seres
incríveis. Como os coelhinhos vomitados daquele conto de Cortázar que eles
tinham lido várias e várias vezes. E, tal qual esses animais, eles foram se
proliferando. Isso de tal forma que todos os armários possíveis da casa ficaram
tomados.
Para que não acabassem por expulsar os donos, ele acabou
comprando o apartamento do lado, junto com a irmã, para instalá-los. Dessa vez,
como o imóvel era deles, eles ficavam esparramados pelos móveis, amontoados
pelos cantos, jogados uns sobre outros, empilhados nas mesas e poltronas, até
soltos pelo chão.
Porém eles continuaram se multiplicando e agora ameaçam sair
do apartamento e tomar o prédio.
*Depende daqueles que entram/ Que eu me torne tumba ou
tesouro/Que fale ou fique em silêncio./Você sozinho deve decidir./ Amigo, não
entre senão cheio de desejo. Paul Valéry, fachada do Musée de l’Homme, em
Paris.
Luiz Felipe Leprevost
no dia 23 fui a uma senhora clarividente, ela me falou, a
mim que sou entre o cético e o crente, coisas espantosas. se cumprirem, algumas
delas, estão de acordo com o meu desejo consciente. o mistério do que será o
futuro, no entanto, permanece. ter ido a uma clarividente e por mais fé que eu
deposite no que ela me disse, aumenta o espaço da dúvida sobre o que anseio pra
minha vida. nada no mundo é uma resposta, apesar de eu ter sentido algo de
muito verdadeiro no poder desta senhora.
Nydia Bonetti
cães não se abraçam
quando encontram um osso
na rua
os seres
deveriam se abraçar
quando se encontram
a rosa
deveria cantar
mas silencia
[enquanto se curva
à espera da chuva]
as maritacas pousam
nos postes
aos pares
mas estão sós
[estamos]
árvores rareiam
— desde sempre ímpares
e tentam
ainda — abraçar o céu
Canto VI
de Mara Paulina Arruda
A mãe pegou a chaleira, a cuia de chimarrão e gritou: Oh
Bento vem buscar o teu presente! Bento todo cheio de limo veio que veio se
desdobrando em dois. Era o seu aniversário. Abriu o presente com a boca nas
orelhas. Comeu uma fatia de bolo, duas... alguns docinhos... até ficar saciado.
Vestiu o presente e contou que tava contrariada com um beltrano que lhe encheu
de lixo e então por causa disso fez uma coisa importante, (pelo menos pra ele)
que disse pra nós: Num dia eu roubei uma frase desse beltrano ai. Se ele viu
não disse nada, nem tium. Nem olhou; nada. E continuou nadando nas suas
palavras, tomado pela literatura, completamente nos braços de letras dela. A
frase seguiu na companhia de outras sendo minha sem ser; bem vinda às vezes e,
em outras, não. Toda vez que vejo esse beltrano fico rubro em pensar que dele
roubei três de sua lavra. Mas também bem feito pra ele que fica fazendo com a
lua os teretetes. A mãe que era exigente disse: Não acredito! Foi naquele dia
quando a lua ainda estava alta? Mas a gente só ouvia os passarinhos, o galo
cantando, os cachorros acuando... Eu não ensinei isso pra você! Juntou a
chaleira, a cuia de chimarrão, olhou para o Bento que ficara xururú, batendo no
peito, se contorcendo nos lados e disse: Bento junte a sujeira que você fez!
Ele respondeu: xá comigo! Levantou-se, pegou a vassoura, varreu tudo, calçou os
sapatos devagarzinho e saiu assobiando. Pegou carona com o primeiro carro que
passou por ali, dizendo pro motorista: na minha casa deu problema. O motorista
disse: fique frio! As famílias são assim. Eu também já roubei um complexo
léxico. Não é o fim do mundo. Isso acontece. Bento ficou então pensando com os
seus botões: nessa vida só se vê gatuno!
O motorista fechou o álbum. Guardou as fotografias de Bento
no limo da vida. Pensou um pouco e na boléia do seu caminhão seguiu.
Misantropa
Tempestade à vista. Vento abissal.
Recolher as roupas do varal.
Penetrar a gruta de cristal
Onde a voz de Deus ecoa.
Incenso. Cantata de Bach.
Equilíbrio = Solidão total.
Bárbara Lia
Leonarda Glück
Fim de ano tem um Q de flecha na barriga, de cuspe cuspido
pra cima, de sol em Curitiba, o tanto que fica eu não sei, mas eu sei do quanto
que vai. Fim de ano é mescla torta de pesadelo com esperança, boas novas e
velhas más, é a viagem corrida, as meias que esquecemos de pôr nas malas, as
com alça e as sem. Fim de ano tem gosto de fios de ovos, frutas e ideias
cristalizadas, nem todas doces, nem só de salmão vive o sashimi, nem só de
dentes vive a boca. Fim de ano é um feriado promíscuo tentando apaziguar a
linha quente do horizonte, onde o astro rei morre toda vez só de tentar nascer,
é tempo de chuva morna e fina malparada na língua, é tempo de baile noturno, de
sorvete verde, uvas chupadas e pulinhos mil nas águas revoltas do mar. É tempo
de trovoada e de dizer eu te amo no meio dos relâmpagos, a vela acesa, o cheiro
das árvores, a família embrutecida, a mesa posta e os sorrisos planejados. Fim
de ano tem cara de ritual vespertino, as marionetes que sangraram o ano
inteiro, o estofo que a gente perdeu na estrada junto com o brio, o pó, a
descida e a neve. Fim de ano é o começo dum outro, mais novo — um número a mais
—, um amigo a mais, um cavalo a mais para montar.
E é nesse cavalo novo, preto de fogo, que eu vou encaixar as
ancas para o meu furibundo trottoir!
Lina Faria
Nunca acreditei em filosofias de guerra, em ciladas de
inimigos.
Em ‘quebrar as pernas’ de alguém.
Fico mal impressionadíssima com tais ideias e declarações.
Não acredito em quem tem estratégia de guerra.
Acredito na expontaneidade.
No respeito aos sentimentos alheios e no pensar nunca fazer
aos outros o que não queremos que façam a nós.
O resto? O resto é consequência do que fazemos.
O que assusta é quando a pessoa, ou muito ingênua, ou muito
cínica, finge que não sabe o que acontece.
Sei...
beira do rio
Isso que te fere
Isso que te vara
É a verdade na vera
É a garra da tua própria fera
Escondida debaixo do sofá da sala
Isso que te varre
Isso que te vira
É a vontade da fúria
É o ouriço guardado na caixa
De vidro que esqueceste na maré baixa
Isso que te persegue pela madrugada
Essas sombras que ziguezagueiam na vista
Essa pista de fuga e partida, esse estrondo
É o som que escutas batendo em tua porta fechada
Isso que revolve a tua pasmaceira
Isso que te pesa na parte esquerda da face
Isso que se entranha em teu gesto e maneira
É a terceira beira do rio que não atravessaste
[Marco Polo Guimarães]
Gloria Kirinus
Ade Scndlr
Trechinho do livro que eu estou traduzindo:
"Após obterem sucesso no exame, os filósofos eram
obrigados, por contrato, a passar cinco anos lencionando em liceus antes de
poderem desenvolver uma carreira universitária: Bergson lecionou em escolas em
Angers e Clermont-Ferrand, Sartre, em Le Havre, Deleuze, em Amiens e Orléans.
Ao mandar os melhores e mais brilhantes filósofos para lecionar em escolas em
todo o país, a "agrégation" levava ideias filosóficas atuais até uma
ampla comunidade intelectual. Derrida, por exemplo, ao lecionar num liceu em Le
Mans, de 1959 a 1960, apresentou seus alunos a Merleau-Ponty, Heidegger,
Nietzsche, Freud e Lévi-Strauss."
Até que a morte nos separe...
Adriana
Zapparoli
Até que a morte nos separe...
Eu tinha 16 anos, e estava no antigo colegial (atual ensino
médio), quando eu me decidi pela área e pelo curso de graduação que seguiria e
atuaria na vida profissional. Iniciei a graduação com 17 anos ... (faz algum
tempo isso). Depois disso, eu optei pela carreira acadêmica, e terminei o
ultimo pós-doutoramento em 2011... Mesmo passado os anos eu nunca tive dúvida
sobre minha escolha e, ainda hoje, eu me surpreendo, eu me admiro, eu me
envolvo com as coisas mais simples dessa área ... [é poético isso...] Eu tive a
certeza desse amor. Então, nesse final ano, eu resolvi renovar os votos de
nossas bodas com um símbolo: um novo anel de formatura. Uma homenagem a esse
casamento ideal que deu, dá e dará muito certo
Lendas do Bosque Alemão de Curitiba
O Bosque Alemão, localizado no bairro Vista Alegre, na
cidade de Curitiba tem muitas lendas urbanas, leremos algumas abaixo:
Ingridy da Chupeta:
No século dezenove, perto da fazenda da família Schaffer,
morava Abigail, uma viúva com seus dois filhos: Ingridy de cinco anos, e Raul
de doze anos.
Ingridy era uma menina sonhadora, seu conto de fadas
favorito era João e Maria e o seu maior sonho era conhecer a casa da bruxa
desta história. Mas, o que deixava Abigail preocupada era o fato de Ingridy ter
cinco anos de idade e ainda não ter largado a chupeta. Esta mãe já tentou de
tudo: colocou pimenta na borracha da chupeta e jogou algumas chupetas fora.
Porém, sempre aparecia alguém para dar uma chupeta de presente para a menina.
Um certo dia, Raul e Ingridy foram passear no bosque da
fazenda Schaffer. Mas, de repente, o menino arrancou a chupeta da boca da irmã
e jogou para dentro da floresta. Assim, a garota correu atrás do objeto e acabou
se perdendo. Raul gritou pelo nome da irmã e não teve resposta. Então, ele
conversou sobre a situação da garota com a mãe. Deste jeito, a mulher reuniu
todos os homens da região que foram no bosque atrás da menina. Porém, ninguém ,
conseguiu achar a pequena.
Desta maneira, surgiu a lenda de que Ingridy morreu dentro
daquele bosque e virou um fantasma que protege as crianças e os animais da
região.
Um ano depois de seu desaparecimento, um casal estava
passando junto com sua filha, em uma carroça na estrada daquele bosque. Mas, o
problema é que a menina não parava de chorar. De repente, surgiu uma garota na
estrada que disse:
- Meu nome é Ingridy e eu tenho a solução para a choradeira
da filha de vocês!
Após estas palavras, ela deu uma chupeta nova para a criança,
que naquele mesmo instante parou de chorar.
Assim, Ingridy desapareceu na frente do casal e deste jeito
surgiu a Lenda da Ingridy da Chupeta.
Anos se passaram e em 1996, naquele mesmo local, foi
inaugurado O Bosque Alemão. Lá, montaram uma trilha batizada de João e Maria
que imita o caminho das crianças deste conto infantil. Também construíram uma
biblioteca, batizada de Casa do Conto, onde professoras fantasiadas de bruxas
contam histórias e fazem brincadeiras com as crianças.
Vitória e Ingridy da Chupeta:
No final dos anos 90, minha amiga Patrícia resolveu levar
sua filha Vitória na Casa de Contos. Pois, ela ouviu falar que as bruxinhas
estavam fazendo uma atividade para que as crianças jogassem as suas chupetas
fora, já que Vitória estava com cinco anos de idade e não queria largar a sua.
Quando chegaram nesta biblioteca do bosque, a feiticeira
contou a lenda da Maria da Chupeta, que é a história de uma “monstra” que ataca
as crianças grandes que ainda usam chupeta. Segundo este conto, para evitar o
ataque da Maria da Chupeta, as crianças precisam jogar a chupeta num saco
mágico e nunca mais usar um objeto destes.
Deste jeito, uma sacola colorida foi passando e as crianças
foram deixando as chupetas nela, inclusive Vitória. Naquele mesmo instante,
esta garota ouviu uma contadora de histórias falando para a outra:
- Estas chupetas velhas ficarão no depósito, atrás da
biblioteca, para serem incineradas depois.
Vitória viu que as mulheres colocaram a sacola neste
depósito, que estava aberto. De repente, esta menina avistou uma outra garota,
com roupas antigas, pegando a sacola com chupetas. Assim, a estranha criatura
olhou para Vitória, fez sinal de silêncio, pegou a sacola com as chupetas e
evaporou-se com elas.
Quando Vitória chegou a sua residência, foi para seu quarto
dormir. Mas, de repente, apareceu a mesma menina que roubou a sacola das
chupetas da Casa dos Contos. Então, a entidade disse:
- Meu nome é Ingridy, protejo as crianças que curtem usar
chupeta e que visitam o Bosque Alemão.
Após falar isto, este espírito devolveu a chupeta de Vitória
e aconselhou:
- Por favor, use esta sua chupeta somente quando sua mãe não
tiver olhando.
Teo e o Cão Perdido No Bosque:
Meu amigo Teo costuma fazer caminhadas domingueiras em
vários parques de Curitiba. Um certo dia, ele entrou dentro da Casa dos Contos
e conheceu uma menina chamada Érika, que entregou sua chupeta para a contadora
de histórias. Então, o moço, ao ver esta atitude deu uma bolacha para a garota.
Teo também ofereceu uma bolacha para uma menina chamada Bárbara que estava
naquela biblioteca.
Então,esta garota pegou o biscoito e entrou na floresta,
pois viu o vulto de uma outra garota com roupas antigas dentro deste bosque.
Lá, Bárbara encontrou um cachorro abandonado,
que estava amarrado numa árvore. Sua mãe correu atrás, preocupada.
Bárbara, ao ver que o cachorro estava faminto, deu a bolacha
para o cão. Mas, o pobre estava quase se afogando com o alimento, quando, de
repente, a mãe da garota deu tapinhas no bicho e assim ele se salvou.
Deste jeito, Teo e seus amigos chegaram ao local e levaram o
animal ao veterinário.
Luciana do Rocio Mallon
quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
Açudes
As bocas desses homens
aos açudes secos do sertão se assemelham
os rostos que se quebram como o chão pisado
suas bocas murchas e as rachaduras de suas mãos
ao solo seco se parecem
há quem pense que já nasceram com vocação para solo
com vocação para chão.
Edson Falcão
aos açudes secos do sertão se assemelham
os rostos que se quebram como o chão pisado
suas bocas murchas e as rachaduras de suas mãos
ao solo seco se parecem
há quem pense que já nasceram com vocação para solo
com vocação para chão.
Edson Falcão
Existência
Se a gente se escondesse
atrás do relógio do tempo,
a vida não seria feita de
momentos
e não haveria a perversidade
das horas a escoar a nossa
vida
pelos raros da existência.
Luiz Carlos Varella Pratti
atrás do relógio do tempo,
a vida não seria feita de
momentos
e não haveria a perversidade
das horas a escoar a nossa
vida
pelos raros da existência.
Luiz Carlos Varella Pratti
De Mara Paulina Arruda
Anisestrelada encontrou-se com Diva na esquina do bairro.
Sábado de manhã. Dia de contar os acontecimentos da semana. Alegres
cumprimentaram-se. Diva disse que iria chover, com certeza! E essa certeza
vinha da dor em suas pernas. Anisestrelada falou da indignação com os larápios:
-Já não dá mais de estender as roupas no varal; é só
estender, agente virar as costas e desaparecem as roupas num segundo:
mámeudeusdocéu aonde é que vamo pará?
E virou-se ao apontar a plantação bonita de soja de seu
Pedro.
-Mávamotocando...andiamo, qüi siámo proprietários é?!
Diva também estava preocupada com o preço dos mantimentos no
mercado e com a velocidade do tempo.
-Imagine, que o tempo voou e hoje é dia 25. Ainda ontem o
ano estava começando a dar os primeiros passos...
E assim conversando foram trazendo as lembranças quando a
cidade era uma vila, pequenos quadros pendurados na sala de suas memórias: a
família reunida, as férias na beira do rio, os aniversários das crianças.
Quando se deram conta no relógio eram 11.30 minutos.
-Mádiosanto! ainda tenho que ajudá na lavoura...
Eu não disse, perguntou Diva:
-O tempo corre, a vida passa e nois quando nos encontramo perdemo
a hora...
EM BUSCA DE UM VERDADEIRO SENTIDO PARA AS COISAS (I)
Para quem sobreviveu a mais de trinta e oito natais como eu
e provável que pouco reste daquele sentimento que nutríamos ao longo de um ano
inteiro, sobretudo em nossa primeira infância. Refiro-me aquela expectativa
introjetada em nossas consciências por nossos pais e estimulada pelos meios de
comunicação, de que, no alvorecer daquele dia mágico de 25 de dezembro, um
legítimo representante dessa dimensão intangível que paira em algum ponto
indefinido de nossas realidades, faria sua aparição entre nós. E claro que falo
do "bom velhinho", o qual traria consigo, alem dos presentes
solicitados, um cadinho de mistério para iluminar nossa existência.
Crescer em meio a esse contexto foi para mim, e, acredito,
para toda a geração que me acompanhou um processo progressivo de ruptura.
Primeiro, desmistificando de uma vez por todas essa encenação da qual desde
muito cedo desconfiavamos estar sendo vitimas (recordo de primos mais velhos,
tios e/ou vizinhos fantasiados de Papai Noel, cujo rosto nos era familiar, mas
que, por bom senso, consentimento ou mesmo falta de coragem, hesitavamos
desmascarar). Segundo, acatando a prerrogativa da rebeldia como atributo da
juventude, através do exercício permanente da crítica, investida ou não de
razão, contra tudo aquilo que fosse proferido por um adulto, autoridade ou
tradição. Terceiro e último, que acudidos pela alentadora opinião da esquerda
(seja lá o que ainda represente esse conceito nos dias atuais), o Natal, assim
como outras festas burguesas, não passaria de um artifício ideológico das
classes dominantes.
Levado por certo estado de espírito, típico do período,
proponho uma reflexão um pouco diferente das usuais para pensar o vigésimo
quinto dia do mês de dezembro de dois mil e treze. A ela denomino - "Em
busca de um verdadeiro sentido para as coisas".
De dia sagrado para os cristãos o Natal foi promovido a data
comercial mais importante do ano. Todos aqueles que foram presenteados
seletivamente em algum dos outros 364 ciclos de rotação da terra (mães, pais,
crianças, namorados, avós, professores) podem ser, indistintamente, agraciados
com brindes e lembranças nesse dia. A disponibilidade dos 13° salários nas contas,
o pagamento das férias ou o acesso sem maiores obstáculos a empréstimos,
cartões de credito e/ou cheques especiais estão aí para impedir que esqueçamos
qualquer um. A que se considerar também que as redes sociais, esses
"indispensáveis apêndices da democracia moderna", fazendo as vezes da
opinião pública, a todos impõe a sombra do estigma ou da ameaça de perda de
popularidade de acesso. Risco os quais, sob um consenso tácito, mesmo sem saber
o que efetivamente perdemos ou ganhamos, no caso de levarmos a cabo nossa opção
pelo comedimento, pela gratidão e pela simples expressão de sentimentos,
optamos não correr.
A insubordinação a vontade de um adulto, a reprovação a
qualquer autoridade e/ou a recusa a participação em tradições familiares e
comunitárias e um dos sinais da juventude. Entretanto, essa, a exemplo de
outras fases do nosso desenvolvimento, com seus altos e baixos, compreende um
processo gradativo de aprendizado. Com o passar do tempo, essa negação
revela-se um comportamento nem sempre favorável. Como logo aprendemos,
rebelar-se contra tudo e contra todos e uma atitude quixotesca. E preciso
maturidade para distinguir moinho de dragões, amigos de inimigos, oportunidades
de crescimento de obstáculos a serem contornados, e, momentos oportunos de ações
precipitadas.
Ainda que ter nascido numa classe social específica
represente dispor de determinadas oportunidades e ser destituído do acesso a
outras num plano imediato, e bastante claro que enxergar nessa circunstância um
entrave ao meu completo desenvolvimento enquanto ser humano e uma perspectiva
demasiada estreita e limitada. O vinculo que me prende a classe na qual nasci e
insuficiente para revelar quem eu verdadeiramente sou e no que, sob o curso de
meus próprios méritos e esforços, irei me transformar.
Em busca de uma opinião um pouco mais clara sob essa espessa
neblina que a experiência e a autocrítica me levaram a dissipar concluo com a
seguinte consideração.
A vida e mistério. O maior e mais insuperável enigma do qual
participamos (retomo aqui a pergunta formulada pelo filósofo alemão Martin
Heidegger em sua aula inaugural sobre metafísica - "Porque existe o ser e
não o nada?"). A ciência avança e, numa proporção superior a ela, o
cabedal de perguntas deixadas sem resposta permanece. As religiões nada mais
fizeram do que inverter e institucionalizar a lição ensinada por alguns poucos
seres humanos exemplares, que, dada a coragem, desprendimento e a grandeza, mostraram
ser possível trilhar um caminho diferente daquele seguido pelas multidões.
Ensinaram liberdade, ao contrário das igrejas que nos acorrentaram as suas
interpretações, rituais e contribuições.
As indústrias, os bancos, as lojas, os prestadores de serviço,
as agências de publicidade e os governos, de um modo geral, em função do imenso
poder econômico, político e cultural do qual dispõe, apropriaram-se de todos os
sinais, símbolos e ícones produzidos pela humanidade e através de estratégias
muito bem planejadas de vinculação ininterrupta de imagens e mensagens, nos
convenceram de que ser feliz e uma questão de escolha (das marcas) e da
aceitação de um novo deus (o dinheiro).
Dia desses, olhando nos olhos de minha filha enxerguei um
certo brilho que eu acredito não ter perdido ainda nos meus. Além de ama-la
incondicionalmente descobri que eu aos 38 e ela aos cinco buscamos as mesmas
respostas...
Will Coutinho Hamon
Algo a respirar nas casas naufragadas
Algo a respirar nas casas naufragadas
Amar...
É respirar em casas naufragadas
É virar, subitamente, raro anfíbio
É ser peixe estrela do mar arraia
É uma canção de afundar navios
É romance brutal de Almodóvar
Filmado em cenário de T. Mallick
É ser uma libélula acima do lodo
Âmbar antigo cravado nos ossos
E o amor é este visitante indócil
A revirar alma, móveis interiores
Corte rascante _ que ao cicatrizar _
Deixa eternos traços de Pollock
Alegoria cicatrizada, pura loucura
A loucura, a loucura, a loucura...
Que persigo como um cão ferido
E já sei a curvatura do calcanhar
O amor é todo não/dor que atiras
Lava meu rosto em lágrimas de cal
Grão de angústia, ária de flechas
É sermos um único ser, qual o mito
Atados pela cervical _ eu quero ir
E tu queres ir e, atados, eu não te
Levo comigo e tu me paralisas _
Há que vir um deus antigo, saído
De _ O Banquete _ de Platão
Cortar o que ata minha coluna
_ que me sustenta ferreamente _
À coluna tua a desorientar passos
Depois de livres, continuar atados
Não mais de costas um ao outro
E ao amor... Mas, frente a frente,
Boca a boca, luz a luz, a caminhar
Entre destroços de um navio soul
Ouvindo canções em ritmo lerdo
Corpos colados em ritmo violento
Para recuperar o tempo, enganar
O tempo, apagar o tempo, amar
Enquanto é tempo, amar enquanto
Há tempo
Bárbara Lia se aventura pelo romance, contos e poesia.
Nascida em Assaí, vive em Curitiba.
O elogio do mau gosto (III)
Tu - tão, tão real. Eu - inteiro devaneio.
Paul Celan
- a partir de algo que ela disse
É tudo brega no mundo
paisagem no escuro riscada
por cometa feito fósforo
se não é, um dia vai ser
pano de fundo
montanhoso da noite
imagine agora que as curvas
dessas tais montanhas contra o céu
são tentativa
de falar do teu corpo
como se o discurso não nascesse
morto obsolescência
programada em seu plástico
como se melhor não fosse
enquanto pode ainda ar fluir ritmado nesses lábios
só para mudez nos meus
impaciente como um rochedo
onde minhas imagens naufragam
interrompê-los.
Adriano Scandolara é poeta e tradutor, tendo traduzido e
pesquisado a poesia do romântico inglês Percy Bysshe Shelley. É autor de Lira
de Lixo.
Tratado sobre o silêncio
O silêncio dói muito mais na pele do inimigo que o grito.
Pousa, assim, cálido, como uma resposta sem pontuação.
Deita suave nas concavidades do ouvido.
Desconcerta.
Desmancha certezas.
Hospeda pulgas atrás da orelha.
Arma afiada
Toque lancinante
Estratégia zen
Linguagem dos deuses da arte da guerra.
Karen Debértolis, é autora de Prosa de Palavras entre outros
títulos. Vive em Londrina. Seu trabalho musical pode ser ouvido em
www.soundcloud.com/karendebertolis
O BAÚ DO MÁGICO
Ontem à noite
a moça mais bonita do circo
se ofereceu ao leão esfomeado
Hoje de manhã
seus ossos foram encontrados pelo anão
e guardados no baú do mágico
Hoje à tarde
o namorado da moça mais bonita do circo
entrou na jaula do leão
e destroçou o animal a machadas
Hoje à noite
o dono do circo deu um tiro
na cabeça do namorado da moça mais bonita do circo
gritou moças bonitas são fáceis de serem amadas
com leões as coisas são diferentes
Amanhã
a polícia constatará
que o leão tentou comer a moça mais bonita do circo
o namorado tentou intervir
o dono do circo procurou salvar ambos
e acabou errando o tiro
No amor
como na fome
todos sabem
não há culpados
Marcos Losnak é autor de Um Urso Correndo no Sótão (2002) e
um dos editores da revista Coyote. Vive em Londrina.
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