Algo a respirar nas casas naufragadas
Amar...
É respirar em casas naufragadas
É virar, subitamente, raro anfíbio
É ser peixe estrela do mar arraia
É uma canção de afundar navios
É romance brutal de Almodóvar
Filmado em cenário de T. Mallick
É ser uma libélula acima do lodo
Âmbar antigo cravado nos ossos
E o amor é este visitante indócil
A revirar alma, móveis interiores
Corte rascante _ que ao cicatrizar _
Deixa eternos traços de Pollock
Alegoria cicatrizada, pura loucura
A loucura, a loucura, a loucura...
Que persigo como um cão ferido
E já sei a curvatura do calcanhar
O amor é todo não/dor que atiras
Lava meu rosto em lágrimas de cal
Grão de angústia, ária de flechas
É sermos um único ser, qual o mito
Atados pela cervical _ eu quero ir
E tu queres ir e, atados, eu não te
Levo comigo e tu me paralisas _
Há que vir um deus antigo, saído
De _ O Banquete _ de Platão
Cortar o que ata minha coluna
_ que me sustenta ferreamente _
À coluna tua a desorientar passos
Depois de livres, continuar atados
Não mais de costas um ao outro
E ao amor... Mas, frente a frente,
Boca a boca, luz a luz, a caminhar
Entre destroços de um navio soul
Ouvindo canções em ritmo lerdo
Corpos colados em ritmo violento
Para recuperar o tempo, enganar
O tempo, apagar o tempo, amar
Enquanto é tempo, amar enquanto
Há tempo
Bárbara Lia se aventura pelo romance, contos e poesia.
Nascida em Assaí, vive em Curitiba.
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