sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

beira do rio



Isso que te fere
Isso que te vara
É a verdade na vera
É a garra da tua própria fera
Escondida debaixo do sofá da sala

Isso que te varre
Isso que te vira
É a vontade da fúria
É o ouriço guardado na caixa
De vidro que esqueceste na maré baixa

Isso que te persegue pela madrugada
Essas sombras que ziguezagueiam na vista
Essa pista de fuga e partida, esse estrondo
É o som que escutas batendo em tua porta fechada

Isso que revolve a tua pasmaceira
Isso que te pesa na parte esquerda da face
Isso que se entranha em teu gesto e maneira
É a terceira beira do rio que não atravessaste

[Marco Polo Guimarães]


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