sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Da Façanha do olhar




antes que soubesses
das façanhas dos meus olhos a te olhar
os empinadores de andorinhas
sopravam
seus ventos pelas narinas do tempo
antes de tudo está o largo olhar
aquilo que acrescenta seda ao silêncio
o que destroça um osso na faca dos brilhos
e inunda de aquedutos as cidades ressecadas
pela impaciência dos que estão sedentos de amor
antes de tudo
o invólucro da água mais tênue
da retina mais fina
do papel mais líquido que a líquida espessura
de uma pequena borboleta que lacrimeja espanto
olhar de soslaio o sol
pensar na cidade e medir seu aqueduto
andar
com os passos pequenos da chuva fina.

Anísio Garcez Homem

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