Na minha juventude tive o privilégio de trabalhar na loja de
um senhor muito simpático, de origem judaica, na cidade de Curitiba.
Logo, na minha primeira semana de trabalho, notei que o dono
da loja tinha uns números tatuados no braço. Então, comentei com a gerente:
- Poxa, o proprietário deve ser moderno, pois usa tatuagem.
Mas, a gerente me explicou:
- Não, isto não é tatuagem.
Este senhor tem esta marca porque ficou preso num campo de concentração
quando era criança. Portanto, foram os nazistas que carimbaram a pele dele.
Porém, dizem que ele foi salvo, com outras crianças, por uma freira que tirava os
pequenos dos campos de concentração e colocava os pobres em vários navios.
Então, toda a vez que via meu patrão conversando com algum
amigo ou freguês, eu ficava com o ouvido em pé para escutar algo sobre esta
irmã de caridade, que foi uma verdadeira heroína.
Um certo dia, eu estava atendendo as freguesas no
crediário e como o movimento estava
baixo, comecei a conversar com uma cliente e amiga de longa data do
proprietário da loja. Conversa vai e papo vem, esta senhora contou um pouco da
lenda da freira que salvava as crianças dos campos de concentração:
Na polônia havia uma freira apelidada de anjo com véu. Esta
irmã de caridade era muito religiosa e dizem que antes mesmo de estourar a
Segunda Guerra Mundial, ela fazia trabalhos com curas e libertava as crianças
que eram vítimas de abusos e maus-tratos. Reza a lenda que esta freira tinha o
poder de se auto projetar,ou, seja estar em dois lugares ao mesmo tempo,
através de um fenômeno que é estudado hoje com o nome de dopellganger.
Esta irmã de caridade
gostava de repetir, aquela famosa frase de Jesus Cristo:
“ –Vinde a mim as criancinhas porque delas é Reino de Deus.”
Quando a guerra chegou e ela soube que havia pequenos nos
campos de concentração, logo a freira pensou em um jeito de libertar estas
crianças. O problema é que ela tinha um irmão que era soldado nazista. Porém,
esta irmã de caridade refletiu:
- Eu poderia aproveitar o meu dom da projeção e o infeliz fato de possuir um irmão nazista
para retirar as crianças dos campos de concentração.
Então, a freira usou a seguinte técnica:
- Ela projetava sua
própria imagem para tentar tirar os guardas do foco e o seu corpo real entrava
dentro do campo de concentração onde estavam as crianças. Então, a irmã fazia
de tudo para esconder os pequenos e retirá-los de lá: escondia os menores
debaixo de sua saia enorme, cavava túneis que dava para o lado de fora, etc.
Dois menininhos que a freira conseguiu esconder debaixo das
suas saias, ela achou um jeito de colocá-los num navio, de origem duvidosa, que
iria ao Brasil. Estas crianças cresceram e inauguraram, no Paraná, uma loja que
durou de 1958 a 2010.
Reza a lenda que, até hoje, o espírito da freira aparece
naquele antigo campo de concentração em busca de crianças para salvar.
Nunca se sabe se um causo é real ou não. Mas, de uma coisa
tenho certeza: esta irmã de caridade foi uma verdadeira heroína e exemplo para
toda a humanidade.
Luciana do Rocio Mallon
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