Que prossiga a vida,
às expectativas contrária
e adiante removendo flores.
Que o passado possa perder-se
rumo à beleza de um único dia, este,
e reencontrar sua noite
em núpcias de tecido.
Não direi sob o sol: “Foste embora”
e nem “Cheguei a esta casa,
com ela fiz o que atende por vida”
- tudo isso, eu sei,
não pode laborar o forte segredo
do corpo em primavera,
das minúcias e antigas seduções.
Pegue assim
uma longínqua memória,
de longa beleza sem extravio,
e parta para este momento;
deslizando a extensa colina,
para cima ou para baixo,
onde, na primeira vez,
o olho tocou o olho.
Quem sabe possa,
por um lapso de razão,
atingir a liberdade
sem medo de perde-la.
(Augusto Meneghin)
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