"A vizinha, sabe? O porteiro foi lhe entregar o jornal queixando-se de um mal jeito no pulso.Sentaram no sofá. Ela passou no local uma pomada - o rapaz deitando o corte zero no colo da moça , dizem que mordendo de dor a barra de seu penhoar ."Conta o homem da quitanda .Pede para a filha cuidar do balcão. Puxa-me até a cozinha, lá atrás.Tanta coisa!: frituras que sua mulher me instiga a provar; porteiro fanho lamuriando-se entre as frutas da calçada; solo manjado de guitarra por perto... Sem mais!, silêncio e breu... Dou pela falta de tudo.O velho zunido do ouvido parece resistir. Não ?Olha..."E você, sim;quem mais haveria de ser?", penso em perguntar a seco, até sacar o tamanho da enrascada. Pois cadê a voz?
João Gilberto Noll. in "Relâmpagos ".FSP,19/10/04
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