Nos anos noventa, estudei na Reitoria da UFPR, que tem um
ambiente muito misterioso, pois reza lenda que lá três pessoas já se suicidaram
e quatro morreram suspeitas de infarto fulminante.
Naquela época, surgiu a lenda do Tarado da Reitoria, que
conforme falavam: pegava as meninas que andavam sozinhas pelos corredores, ou,
ficavam solitárias em salas de aulas vazias. Mas, apesar de toda esta fofoca,
eu não tinha medo. Pois, para dizer a verdade, eu nunca levei este boato a
sério, mesmo vendo cartazes com retratos falados do maníaco pendurados pelas
paredes.
Um dia, eu estava observando um destes anúncios. Quando, de
repente, minha amiga Daniele aproximou-se e falou:
- Sabia que estão falando que o tarado da reitoria vira
morcego?
Logo, eu indaguei:
- Não seria um vampiro?
Minha colega respondeu:
- Não, ele vira morcego mesmo, porque de vampiro já basta o
personagem do escritor Dalton Trevisan.
Naquela época eu fazia matérias á noite e gostava de ficar
estudando em sala de aulas vazia. Uma certa noite, entrei num destes recintos
solitários, abri o caderno e comecei a estudar. Quando, de repente, uma coisa
voou do alto, bateu no meu ombro e minha pele começou a sangrar. Logo, olhei
para trás e vi que a criatura chocou-se contra a parede. No começo, pensei que
fosse uma pomba negra, que tinha me bicado, porém ao me aproximar notei que era
um morcego. Assim, não acreditei no que estava vendo e olhei de volta para o
meu ombro, onde parecia que havia marcas de mordida de vampiro.
Logo comecei a gritar no corredor:
- Socorro!
- Fui atacada!
Logo, três meninas que estavam no corredor, correram até a
mim e perguntaram:
- Você foi ataca pelo maníaco da Reitoria?
Atordoada, respondi deste jeito:
- Fui atacada por uma outra forma dele...
- Mostrarei o animal para vocês!
Após estas palavras, levei as garotas para ver o bicho que
estava caído no mesmo lugar. Assim , elas gritaram e eu mostrei a minha
mordida. Uma delas explicou:
- Você precisa ir até o Hospital das Clínicas para tomar um
soro anti-raiva. Mas, é necessário levar o animal junto.
Como pelo jeito o bicho estava morto por causa da pancada na
parede, eu enrolei o animal na sacola, já que ninguém queria tocá-lo.
Desta maneira, estas jovens me levaram até o pronto-socorro,
onde explicaram a situação e uma
enfermeira me atendeu e disse:
- Agora, vou aplicar uma vacina anti-raiva.
Logo, indaguei:
- Vocês verificaram se aquele bicho é morcego ou vampiro?
A moça respondeu:
- Não se preocupe, não é vampiro. Pois, trata-se de um
morcego urbano. A propósito gostaria de saber se você conhece a lenda do
morcego do Ozzy Ousborne.
Assim, comentei:
- Não, mas eu gostaria de saber.
Esta profissional de saúde contou:
- Reza a lenda que, nos anos 70, existia uma banda chamada
Black Sabath, cujo o vocalista era o Ozzy Ousborne. Ele fazia um show
interessante onde comia morcegos de brinquedo.
Um certo dia, num show, um fã jogou um morcego de verdade no
palco. Então, Ozzy pensando se tratar de um bicho de brinquedo, mordeu o
animal. Mas, quando, percebeu que era morcego de verdade, pediu para ir ao
hospital e tomou vacina anti-raiva.
Após estas palavras, ela me colocou numa sala para
descansar, então adormeci. Porém, comecei a sonhar com músicas que lembravam
vampiros: primeiro imaginei que eu estava no limbo e a Rita Lee cantava a
canção chamada Doce Vampiro, depois sonhei que estava no umbral e a banda Yahoo
cantava a música chamada Mordida de Amor, e, no final eu entrei no Inferno e o
Ozzy cantava a música Chance.
Depois desta última imagem, de repente, eu acordei e fui
embora.
Dias depois li num livro sobre lendas de morcegos e
vampiros, que quando a pessoa é mordida por um morcego sua alma tem o poder de
conhecer: o limbo, o umbral e o inferno.
Não sei isto é real, mas de uma coisa eu tenho certeza:
depois da morte daquele morcego nunca mais ninguém ouviu o boato do tarado da
reitoria.
Luciana do Rocio Mallon
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