sábado, 30 de agosto de 2014

ADVERSÁRIO


Se antes
Cervantes lia
Odisseias
Bem acomodado
Num amplo sofá

Sigo agora o
Anti-romance lá fora
Escaldando a fala
Aos gritos dos que
Batalham um beijo

Se antes
Cervantes via
Monstros, gigantes
Em simples moinhos
Modestas cenas no caminho

Me deparo hoje
Com o que a toda hora
Foge no voo da fortuna
Dos surpreendidos
Daqueles que a derrota adora

Se antes
Cervantes agia
Com os nervos à flor
Do peito pronto
A defender, atacar

Neste instante
Não há quem plante
Uma fantasia, não está
Aqui o amigo criador
De porcos, meu parceiro

No passado
O heroicizado
Morreu numa cama
Sem glória e sem
Dinheiro

No presente
Este que vos assina
A saga, segue
Em frente, no desafio:


Enfrentar-se.

Paulo Betancur

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