sábado, 23 de agosto de 2014

Bárbara Lia

Amanhã tudo fica estranho. Com o poeta aprendi que o fio da humanidade traz esta ancestralidade de reconhecimento. Foi poético saber que um dos poetas que traçou a poesia límpida e profunda e nasceu em Minas, onde está plantada a raiz do meu nome de Bárbara Bela, nasceu no mesmo dia mês e ano que eu. Foi este meu vínculo com Donizete Galvão. Isto levou a um diálogo natalício, que se ateve ali. Nunca trocamos livros e nem partilhamos as experiências poéticas. Ficava aquele acontecimento (a coincidência da nossa chegada ao mesmo tempo neste mundo) a enlear uma simpatia mútua. É muito estranho não poder dizer parabéns amanhã. A vida por aqui é tão efêmera e esquecemos disto. Silenciamos esta transitoriedade. Sigo no meu 24 de agosto de suicídio de Vargas, compartilhando com poetas consagrados como Leminski e Jorge Luis Borges, a data natalícia. E este carinho maior pelo Donizete Galvão, esta mágoa entranhada. Cedo demais para calar a voz de um poeta. Os poetas morrem cedo, ainda tenho um pouco do oxigênio vital em mim, talvez por ter começado a escrever bem tarde... Vou ficando por aqui, com uma cidade que tem um ícone, com meu desejo de nunca esquecer, que ser Poeta é antes de tudo curvar-se à Palavra, dar a ela um lugar, ser seu corpo sua casa seu ar... E queimar em beleza com tanta fúria, que a luz permaneça no depois, e assim tem sido para os poetas em carne viva...

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