terça-feira, 24 de setembro de 2019

COMPAIXÃO PELA FLORESTA AMAZÔNICA ARDENDO EM HERBICIDA




A floresta amazônica geme mudamente,
Enquanto o sujeito, o business
Derrama sobre ela o Agente Laranja.

O Caapora não soube defendê-la,
Tampouco Tupã ou Tamacavi.
A bela, variegada animália foge diante do flagelo.
Jeová nada fez, nada fará, exceto quiçá punir
O sujeito do livre arbítrio, enigmaticamente.

Entanto há um ser que se contorce com os galhos,
Que se condói e esfolha com cada palma,
Um ser que espelha a paixão da mata e se apaixona dela.
Só o homem pode fazê-lo!
Só o homem conhece a compaixão!
Nem o Deus sabe sentir o que outro sente,
Guardar na sua a carne outra, o coração do verde,
O pomo, a pétala e a borboleta de medo e ardência...

Ai, só o homem, na sua infinita grandeza e desgraça;
Só o homem é capaz da compaixão!

Deus teve de enviar seu filho à Terra,
Encarnado como homem pra saber
O que é a paixão do mundo e poder purgá-la.
Só humanos saberão o que foram os teus olhos
Quando espelharam os meus, e fomos um.
Só humanos gritarão pela floresta, erguerão bandeiras,
Tochas e hinos contra o business e o sujeito,
Estes que são o não-homem, o silêncio dos sentidos,
Das paixões e da compaixão: a lógica, o logos,
O capital, o liberalismo, o interesse.

Por compaixão, o homem voa como o pássaro,
Nada como o peixe e o golfinho, mar adentro, mar acima.
O homem é horrendo pelo que produz e o nega,
Belo pelo que sente e que o desdobra, o demonstra ilimitado.


Igor Buys

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