tenho pena das belezas sem poetas
que jamais conhecerão a poesia
por isso rolo essa pedra da manhã, da árvore
do jardim e do lago ainda sem verso
neste poema ambicioso, generoso, repleto
(e no entanto – ainda e sempre – incompleto)
forço alma, fêmur, bíceps – ofego!
empurro, literalmente
o globo glorioso
de todo universo
(mais
o que almejo e imagino)
pela encosta vertical, quilométrica
até o cimo
mas lá, força acabada
tão logo ergo minha mão contusa
para enxugar-me das rimas sanguíneas
contemplo a forma cair de seu clímax
ofício nulo, de volta ao nada!
volto: e na planície
novamente comovido
retomo meu estético destino
Adriano Wintter
fonte: Alias
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