Sou o mago das coisas mínimas, rasteiras,
Tão dóceis e lindas em sua aparência inútil,
Como os restos sem valor ou função, besteiras,
– A real ligação do aparente inconsútil –.
Como o mistério do musgo à sombra entre os tacos,
Como as minúcias de algarismos e de letras,
Desvendo luz no que é considerado opaco,
Enxergo o que revela o lixo, o gueto, as gretas,
Herdo, solidário, o abandono a elas votado,
Cumpro a solitária função de me importar
Com as sobras, o que não deve ser amado
Porque seja sujo, feio, fraco ou sem lar.
Busco, suicida, o sublime no desprezado
Pois creio na ubiquidade do verbo amar.
Eduardo Tornaghi
Carioca, ator, autor de Matéria de rascunho.
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