Jatos de água cristalizam pétalas e azulejos, escorraçam
bicos de pássaro. Sol matinal sobre o amarelo de luvas, botas e escovas que
sodomizam piscina e jardim. Podar cachos de glicínias com longas tesouras que
ensejam brilhos homicidas. Recolher folhas e grave-tos, cólica e cólera com a
pá de lixo. Limpar as frestas das janelas. Correr a água sanitária no vaso,
polir torneiras, desentupir o ralo. Porque não existe nenhum caminho, nenhum.
Nem mesmo revól-ver ou corda de enforcado. Nada. Apenas galochas, a chave
inglesa na laje, rugas, o pelame do cão siberiano para escovar.
2002
Cláudio Daniel
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