não há rocio.
tudo é terra estéril.
as árvores são as
vértebras da chuva.
a lama é uma feira
de infecções.
esta tarde, velha,
mastiga e cospe
crack e alcatrão.
a noite- aqui-
pesa
como
coturnos
e no entanto
amanhece.
alguém
abre uma janela para
os destroços da guerra,
lenta
como a ferrugem,
franca como peixe
que apodrece.
entre
a estrada das lágrimas
e rio dos meninos,
cedinho,
três cadáveres
assistem a televisão.
Rodrigo Madeira.
In Sol sem pálpebras.Curitiba 2007
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