ferro-via abandonada
destila caos apagado
dissolvido em verniz sem validade
existe verde, bem como oxigênio
abrindo-se em infinito
cercando a eletricidade desativada abaixo dos pés
e, apesar dos movimentos,
existe a sensação de congelamento
o tempo é cansado
aqui, nenhum relógio marca a hora certa
os sinos são gárgulas no vão das igrejas
pacto matrimonial com o silêncio
os pássaros definham diante do vago
abrindo asas sem alçar vôo
abrindo bicos sem emitir som
mudos como o nada
que habita os que dormem e não sonham.
Camila Vardarac nasceu no Rio de Janeiro, em 1987.
Observadora por natureza, escritora por impulsão – pela necessidade
(recorrente) de expressar-se em prosa e poesia. Voyeur da realidade e de suas
representações, encontrou no cinema um meio de materializar suas idéias no
continuum do espaço-tempo, desconstruindo-se em impressões.
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