Há muitos anos, onde hoje é a região de Curitiba, existia
uma índia chamada Imbuia, que morava numa oca com sua mãe, Juruá, e seu pai,
Cauã. Um certo dia, seu pai morreu numa batalha com uma outra tribo indígena
inimiga.
Juruá, ainda bonita e jovem, costumava lavar-se numa
cachoeira. Um certo dia, esta mulher estava tomando banho, neste lugar, quando
de repente, avistou um homem loiro, com chapéu enfeitado com chifres, roupas de
peles animais e botas de couro. A índia perguntou:
- Quem é você?
- Será que é uma criatura enviada por Tupã?
O rapaz respondeu:
- Eu sou um viking. Vários grupos do meu povo estão
explorando a sua terra.
- Sou filho de uma maga e ela previu que os vikings não
serão vistos como os verdadeiros descobridores deste lugar e que este título
será dado a um certo povo de um lugar chamado Península Ibérica. Porém nós, os
bárbaros, deixaremos muitos vestígios aqui. Como exemplos: mensagens nas
pedras.
Após esta conversa, Juruá se apaixonou pelo branco e levou
este estranho para sua tribo.
Imbuia nunca aceitou a nova união de sua mãe. Pois, notava
que o padrasto a olhava de uma forma estranha. Um certo dia, a indiazinha foi
colher frutas na floresta. Mas, o viking seguiu a pobre. Então, este homem
tentou se aproveitar da garota, que acabou matando o padrasto batendo com um
pedaço de madeira em sua cabeça. Mas, naquele mesmo instante, uma cobra
venenosa picou esta menina que acabou falecendo.
Quando a garota chegou ao céu, São Pedro disse:
- Não posso deixá-la entrar no Paraíso. Pois, o castigo de
quem mata o pai é voltar para a Terra, virar corpo-seco e morar dentro de uma
árvore.
Imbuia explicou:
- Mas, eu não assassinei o meu pai.
- Eu matei foi o meu padrasto em legítima defesa.
Um anjo, que estava assistindo a cena, comentou com o
guardião do céu:
- Neste caso, acho que seria justo abrir uma exceção para a
menina.
- Eu sei que existem santas, na categoria das compadecidas,
que podem julgar este tipo de situação.
São Pedro explicou:
- Infelizmente, não há nenhuma compadecida para julgar este
tipo de situação, por enquanto.
Desta maneira, Imbuia foi até o inferno e o Diabo falou:
- Não aceitamos quem mata os pais no Inferno, e, nem no
purgatório. Portanto, você deverá voltar para a terra e virar corpo-seco.
Desta maneira, Imbuia virou corpo-seco, começou a chorar e
caminhar pela sua região de origem. De repente, suas lágrimas viraram sementes,
que se transformaram em árvores sem nenhuma explicação normal.
Quando esta índia parou em frente a sua oca, nasceram raízes
do seu corpo, que fincaram no solo e, assim, esta garota virou uma árvore
chamada Imbuia. Porém, por causa das gotas de lágrimas que viraram sementes,
várias árvores com este nome surgiram naquela região.
Alguns séculos depois, novamente, a alma de Imbuia tentou
entrar no céu. Então, São Pedro explicou:
- Agora, temos uma santa compadecida que pode interceder a
seu favor. O nome dela é Maria Goretti e ela sofreu a mesma violência que
tentaram fazer em você.
Assim, a santa fez com que a índia entrasse no paraíso.
Mesmo assim, a nativa saia para passear na Terra e visitar a sua árvore, de vez
em quando.
O tempo passou e em 1975 foi inaugurado o bairro chamado
Capão da Imbuia, na cidade de Curitiba. Agora, onde era a antiga tribo indígena
localiza-se o Museu de História Natural e ao lado, dele, há a Imbuia mais
antiga da região, que reza a lenda foi uma índia que matou, em legítima defesa,
um dos vikings, que foram os primeiros exploradores brancos a entrarem no
Brasil muito bem antes dos portugueses.
Reza a lenda que no Capão da Imbuia há uma pedra milenar com
escritos de vikings.
Luciana do Rocio Mallon
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