O Tempo não volta
a dor de saber-se passado
no espantoso farol
dos dias
fustiga
e comprime
os espaços
da dor de saber-se passado
Os sonhos que evolaram
por mim
em olhos de desespero
voaram longe
dos caminhos atiçados
na memória
Revi a velha casa
de banheiro verde
onde minha avó
guardava os sapatos
de seus passos
estancados
em aleluia
O quarto
onde sozinha
rezava
as ilusões
de seus
desejos
impossíveis
Vi minha avó
chorando
em sua prece
ardorosa
pedindo
a Deus
do celeste
a paz
dos tormentos
Estava ali
nas noites
nas estrelas
semeadas
pelo manto
dos céus
- eu a observava
ela não me via
em lágrimas
eu me desfazia
gritava
e ela não ouvia
Vovó,
o Tempo não volta
seu predicado é sentencioso
a caligrafia mais explosiva
das naturezas
do intransponível
(trecho do poema de Diego Mendes de Souza, poeta piauiense,
jovem, de inegável talento. Diego tem 24 anos e já publicou Divagações (2006),
Metafísica do Encanto (2008), com o qual recebeu Prêmio Nacional de Poesia da
UBE-RJ, 50 Poemas Escolhidos Pelo Autor (2011), Fogo de Alabastro (2011) e
Candelabro de Álamo(2012). E já arrancou elogios de Ivan Junqueira, Astrid
Cabral, Raquel Naveira e outros.)
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