segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Tutanos escorrem das paredes
e sobre a bancada
nasce uma poça de plasma
que, por alguns instantes,
esquenta o metal

Depois de analisados
por facas raio-x
os bois de carbono,
como negativos no laboratório,
pingam


Terminado o serviço, o açougueiro encosta-se na parte menos suja dos azulejos, de trás da orelha direita saca um bàli-hài de canela e, com as mãos trêmulas pela indelicadeza da rotina, acende o cigarro.

Do avental imundo tira o papel amassado e a caneta bic azul, com a qual põe-se a escrever palavras carnais marcadas com a digital púrpura da morte e do amor. Por fim, uma assinatura pactual seria mero detalhe.

Camila Vardarac 
http://cronopios.com.br/site/poesia.asp?id=3918

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