terça-feira, 16 de setembro de 2014

Andréia Carvalho Gavita

14 de setembro às 11:09 ·


Eu cursava Geografia na UFPR e em uma das atividades curriculares fomos passear pela cidade para uma aula arqueológica ao vivo. Lembro do professor explicando que a maior parte da região central por onde caminhávamos "sequinhos e seguros" já tinha sido água pura (o Rio Belém). Quando chegamos ao Passeio Público ele nos explicava que o parque foi o primeiro projeto de saneamento ambiental da cidade. Era uma aula de "geografia pura". Eu pensava em seguir a carreira de geógrafa, estudando mapas bolorentos ou talvez mapas espaciais. Mas então chegamos até a ponte pênsil e a cruzamos chegando até a Ilha da Ilusão, no reduto onde repousa o busto de Emiliano Perneta. O professor contou do pomposo dia da coroação do poeta como o "Príncipe dos Poetas Paranaenses". E discorreu sobre a importância do movimento simbolista nesta cidade. Por isto, assim como abandonei os ossos e moléculas do curso de Biologia, abandonei os mapas e cálculos de vento, percebendo o que me completaria: a literatura. Não, não me matriculei em mais um curso acadêmico (o óbvio seria cursar Letras). Resolvi flanar periodicamente pelo passeio público, invocando uma luz para os ossos de pedra do príncipe simbólico. Bem, ele me deu bem mais que uma chama de fogo-fátuo, me deu coordenadas fosfóreas e vértebras de caminhos para os roteiros pineais de minhas rótulas escriturárias. E aqui estou, sem diplomas na parede, mas com muitos papéis nefelibatas, em trânsito perpétuo pelos signos dos dândis. Bendito dia arqueológico, projetado no hoje santuário que vislumbro.

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