sábado, 13 de setembro de 2014

Congenital


O luto enredava as cordas ácidas do corpo em seus alvéolos plumbeamente
Musculares
Em seus fios de brilhante sémen coagulado,
Em suas castas e vibrantes redes cristalográficas
E as mulheres costuravam longamente as sombras articuladas sobre os campos
As mulheres perfilhavam as redes húmidas da casa – o peito reconstruía-se sobre o
Nó dos seus novelos
As mulheres aceleravam o lume orgânico dos seios: a espuma preta até aos veios
Magníficos
Davam o sangue clavicular às violetas
Os cabelos arcaicos ao ponto súbito das rosas

E quantas violetas de fumo poderiam os lábios sibilar contra as estrelas? Quantos
Pássaros eclodiriam sobre as agulhas?
Que vento de cinzas espalharia o som do
Nome?
Ou a carne enegrecida dos teus cântaros
Até que o sono fosse um excesso de raízes?

O luto alastrava-se na raiz do pensamento - o cérebro alagado na penumbra
Dos crepúsculos
E que manhãs de cal estalariam sobre as nuvens para que as águas iluminassem
Os cabelos?
Que barcos trariam o teu rosto para que a luz
Explodisse nos espelhos


Luiza Nilo Nunes

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