domingo, 21 de junho de 2015

sou uma dessas hienas ●
● q sonham com carcaças de elefante ●
● enquanto o deserto se estreita e cede ●
● é possivel nos ouvir rondando ●
● mesmo antes do sol sumir nas dunas ●
● antes do cheiro covarde dessas noites ●
● fui o mais velho duma grande familia ●
● de hienas famintas e agora definho ●
● nesse oasis sabendo mais q vc ●
● não esqueça q sou uma hiena ●
● q graceja com musculos e tendões ●
● q gargalha de alegria e bom gozo ●
● rimos porq nem todos sabem cantar ●
● essa é a maior e mais dura confissão ●
● não é a toa q morremos sem o riso ●
● não é a toa q tenho andado no escuro ●
● q tenho me desleixado da essencia ●
● como fazem nossos moribundos ●
● basta um corpo perdido ●
● assim como vc agora entre nos ●
● entre margens fontes e tamareiras ●
● sei e sabemos muito disso tudo ●
● com roupa de vendedor perdido ●
● rifle sem balas e essa pobre faca ●
● sei q vc ta com muita fome ●
● sei e sabemos todas nos as hienas ●
● q sua fome é maior q a nossa ●
● porisso mesmo devo me retirar ●
● enquanto minhas vorazes irmãs ●
● morderão porq não tenho forças ●
● sou agora uma dessas hienas ●
● q aos poucos se retira da luta ●
● a q vive dos bagaços do resto ●
● gente como vc demora pouco ●
● sei tambem q tudo doi e queima ●
● sei q vc tem pedido a morte ●
● vc acordara q matar a fome ●
● de todos q sentem essa fome ●
● sua e de todas nos é uma honra ●
● agora vc sabe q sua morte ●
● como a vida q carregou ate aqui ●
● não foi em vão e sera um encanto ●
● lembre dos grandes imperios ●
● aqueles q sumiram sem rastros ●
● nem as palavras nem os ossos ●
● agora somos nos e nossas noites ●
● não leve a mal se me retiro ●
● ali o velho whisky me espera ●
● sou das hienas q conhece ●
● o sublime malte e se lambe ●
● ate a pontas das garras no gozo ●
● vejo q reconhece tudo isso ●
● vejo mesmo q deseja participar ●
● dessa onda q vem cada vez maior ●

*
Alberto Lins Caldas

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