quinta-feira, 18 de junho de 2015

PASTOREANDO UM BRUXO URBANIZADO


Interpele o mato a brotação a seiva
que borda obras custosas de artesão
sob os elos amenos do jardim indague
com que paciente amor foram tecidos
os fios luminosos da manhã
cuja cortina ondeada se biparte nos morros abjure
toda forma suspeita urbanizada
ou transmitida
por imperfeitas formas literárias
de assimilar o mundo espie
essa nudez de coisas que se entregam
à embriaguez da própria criação o lento
crescimento raízes
matizes o intento
imprevisível do capim a ilusão preguiçosa
de nuvens que desandam
e de repente chovem sobre a roça
um frio leque de água clara ouça
essa mensagem muda que o minuto
sopra: viva invoque vislumbre invente
mas não pergunte nada.

[poema do Leonardo Fróes - tomado da página do Alberto Pucheu -, pertencente agora à antologia Trilha, saindo pela Azougue Editorial, em seleção do próprio poeta e do Sergio Cohn]

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