sábado, 20 de junho de 2015

E a Glória?


78 anos. Nascido no Espírito Santo. Carioca há muito. Pé mutilado e fratura no fêmur: atropelamento. Agressões familiares. Ali estava à espera de uma conciliação judicial. Filha e Pai. Genro e Sogro.
Nadir Glória, a noiva com quem não se casou.
Glória, a esposa, que o fazia sofrer e lhe rejeitava.
Maria da Glória, a mulher que o acolheu em um adultério inevitável. Ele seu primeiro homem, aos setenta anos dela e setenta e quatro dele.
Adultério?! Já não tinha mais vida conjugal com a “segunda Glória”.
Teve Bons empregos. Táxi. O terreno antes muito para seus planos futuros, tornou-se pequeno, ocupado pelas construções do Genro.
Vida de Glórias?
Segundo ele de provações, confessava segurando a bíblia, envolta pelo saco plástico.
Quase morri, contou.
Dormi dirigindo o táxi e caí barranco abaixo, as pedras prenderam o carro na entrada do rio. Eu adormecido.
O carro afundava aos poucos, umedecendo a calça.
Algum parente o havia avistado. Coincidência?
A mão de Deus, afirmava.
Isso posso contar-lhe, apesar dos lapsos de memória, mas do anjo na beira da cama, me lembro bem, sorria.
Por alguma razão ainda estou aqui e saiu andando com a perna arrastada quando o chamaram.


Julio Almada

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