quarta-feira, 11 de setembro de 2019


Deixei o terreno insondável dos pássaros
acordos escusos com azuis
bicos, vermelhos, garras.
Delicadezas imaginadas
musgo e merda
selvagem que cobre o chão.
Caminho sobre selvas desossadas
guerreiros canibais, chorume
bala perdida e gás lacrimogêneo.
A indiferença assassina.
Homens sem rosto assediam
ventres metonímicos e pernas
halterofilistas.
Civilizadamente, deixamos de existir.

£

Decidi amar o que fosse:
gerações de mísseis abandonados
grotas acidentais
o cavar fundo da mina.
Encontrar estilhaços
na topografia
quero dizer
rota do cansaço.
E amar
o travestimento
da parte de quem
conserva intacta
a derme
planetária.
Isto de ser alma
é: laceração.
Roberta Tostes Daniel

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