Do tempo, espero
a nudez de um corpo;
transformado em espaço,
um rosto.
Imagens que deponham dias,
a estudada geografia
de um torso
exausto,
sonhando tocar
a simultânea ausência,
região do mais etéreo encontro:
eu, o tempo; tu, o espaço.
Povoaríamos a casa
com a nudez das paisagens
sem paisagens,
coexistindo no absoluto
silêncio destas memórias:
as palavras, sem palavras
as mãos de colher mentiras
no dorso da história.
Puro movimento:
percorrer o desejo;
somos, teríamos sido
a casa, farol de doenças.
E o riso que déssemos,
rasgaria o tempo, recuperando
o que talvez tenhamos sido:
simples, como a morte.
Teu corpo ou tua casa
mediriam os caminhos.
Morrer, à sombra da origem,
no teu lugar, todas as horas.
Roberta Tostes Daniel, ainda ancora o infinito, ed. Moinhos
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