Há algo no vento, esta corrente que vem de longe, balança as
árvores, levanta as partículas do chão, gravita no ar, o vento agita as águas
do mar... As ondas crescem e explodem contra as rochas, há algo no vento... Um
sussurrar, uma cantiga, ou um lamento, pode ser um grito de alegria, de
libertação, ou pode apenas ser uma fresca sobre a face, ou frio de partir... Há
algo no vento... Algo leve, passageiro ou algo penoso como um trabalho escravo
com seus grilhões de ferro pelo caminho... Incessante... Pode ser a revolta, a
raiva, a fúria descontrolada, pode ser a afeição, o amor acima de todas as
coisas, ou quem sabe uma obstinada submissão... Há algo no vento, algo que não
se sustenta e não flutua algo que se vê e que se some... Sem se perceber... Há
algo no vento... Como fogo... Ou molécula de água, coringa... Fases de ida e
vinda... Neste fôlego de vento há vida... E algo, além disso, tudo... Ainda...
Fazendo crer... Que há algo no vento que não se faz saber...
CRISTIANA MOURA
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