Pedro Penido
"Estranho.
Sempre julgamos a partir de primeiras sensações, primeiras
impressões. E de igual maneira condenamos até mesmo nossos corações. Sempre
donos de nossas verdades, em ermos de nossas mentes frias e nossa razão
egoísta.
Apontamos lugares e os condenamos a serem ermos, inóspitos,
macabros. E assim convivemos harmonicamente com os julgamentos que fazemos, as
opções que analisamos e as decisões que tomamos. Criamos monstros longe de nós
para evitar os espelhos que nos cercam. Assim podemos nos contentar com berços
dourados e camas de reis.
Mas sabe-se pouco sobre os monstros trancafiados nas casas
assombradas, nos pontilhões afastados, nas encruzilhadas do caminho, nos
escuros porões e, até mesmo - acredite - no fundo de nossos corações. É prático
concebê-los e deixá-los à deriva em nossa imensidão. É fácil e
"necessário" darmos às sombras os restos que nossa luz produz.
Estou nas sombras, em lugar nenhum mais."
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