Branca
intensamente franca,
muda
... indecifrável;
janela aberta
a um nevoeiro lento
quase frio
em meio ao qual
movem-se fantasmas
formas feéricas,
diluídas...
qu’aos poucos
ganham vida,
transfogem da calma
para: o drama.
Fêmea,
de algum modo
fêmea,
ela reluta,
resiste
e súbito
cerra as cobiçadas
coxas,
antes mornas,
e agora frias
como o mármore
impenetrável
liso. Ai... Noite
que abraça as horas.
Ânsia.
Dedos que estalam;
caneta nervosa
intumescida
irmã da seta
de Apolo
que amou Dafne
e esta
em desespero
sem mais recurso,
para fugir-Lhe,
volveu a árvore
e celulose.
Cumpre então
insistir mas (com
cuidado...)
e horas se passarão
antes da vitória.
Sangue
do rubro, do anil
do vermeil
do âmbar
já borram sua face
enfim.
E ei-la:
maquiada,
noiva,
argenta
entre arrozes
luzes
e rosas loucas;
ei-la
desabrochada!
aberta e dada
ah, desvirginada...
enfim.
Mas o amor
fugaz sabe ser,
e toda cor se esvai
quando cessa
o olho
de fixá-la.
Madrugada queda,
o sono convoca
o poeta
exausto, exaurido;
e a folha,
toda riscada,
fica
fria
só
cheirando ao coito
e à tinta.
Igor Buys.SC
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