Numa madrugada quente e bela...
No alto morro da favela...
Um alegre adolescente,
De um jeito fremente,
Jogou seu par de tênis idoso,
De um jeito levado e jocoso,
Num fio de energia elétrica...
Com alma frenética!
O par de tênis furado...
Ficou atordoado...
Pegou sol, tempestade...
E vento forte de verdade!
O par de tênis bebeu o vinho do luar...
E uma estrela, para ele, viu piscar!
Ele percebeu que num doce domingo...
Gostaria de aquecer os pés do mendigo!
Porém, quando apertou a saudade...
Surgiram dois canários com sinceridade,
Que fizeram ninho neste par de calçado...
De um jeito puro e abençoado!
Vovó dizia que para cada chinelo...
Há um par de pés carente e singelo!
Um poeta falou que para cada tênis em par...
Há um fio de luz que nasceu para amar!
Quando a energia me seduz...
Viro este par de tênis em um fio de luz!
Transformo-me em ninho de sentimentos,
Que não acabam com os ventos.
Luciana do Rocio Mallon
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