Que dizer destes que dizem de si, o herói?
Fui cambaleante à pinguela da rua torta
Entendi o mundo daqueles que me cercam
Ao voar com minhas asas de cera, caí
Nasci com o defeito de tentar errando
Ao panteão do Amanhã, mirei o relógio lento
de todos os herois pretensos
Deserto o tempo é o de mim distante
Contei os passos rumo ao cadafalso
Tantas vezes desferi o berro ao espelho
Levantaram-me da lama mil vezes
Fugi do hospital para morrer quieto no quarto
Não reze alto enquanto preparo-me para à morte:
Renasci sempre de restos,
escrevi longas cartas aos fracos!
E na fraqueza de ser franco, reconheci:
Todos nós somos um pouco
Do pior do que criticamos nos outros!
Eles que caminham altivos e convictos
De nunca ouvirem o grito d’alma que vocifera:
Seja você o que erra! Seja você o que erra!
Apenas uma vez que seja, seja você humano!
Marcos Guimarães
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