O primeiro foi seu pai.
Terezinha nasceu sem berço, sem abraços, sem festa.
Nasceu em casa, se é que se pode chamar de casa aquela construção engraçada que não tinha teto, não tinha nada.
Nasceu de parto natural, se é que se pode chamar de natural espremer-se até expelir um corpo estranho, uma cria indesejada, em berne.
E seu pai foi o primeiro porque naquela casa só tinha uma cama e Terezinha dormia com os pais, no meio dos pais, com os pés no saco dos pais, com a boca no seio da mãe.
Ela teve tantos pais quantos foram os homens que se deitaram naquela única cama.
O segundo seu irmão.
Terezinha teve tantos hermanos que no los puedo contar. Mas nem todos eram filhos da mãe. Cada um era filho de um pai e sua mãe chamava de filho qualquer filho da puta que aparecesse naquela casa, por isso todos se chamavam de irmãos e se amavam muito e dormiam todos juntos, porque naquela casa, só tinha uma cama.
O terceiro foi aquele a quem Tereza deu a mão.
Ela não deu só a mão. Ela deu o coração, o corpo e a cama. Mas antes de dar no pé, ele deu um tiro bem dentro da boca de Terezinha e outro no ouvido do irmão, que dormia em sua cama, porque Terezinha era uma boa moça e aprendeu com sua boa mãe, que aprendeu com um bom pastor, que aprendeu com Jesus, que devemos amar ao próximo como a nós mesmos.
Marilda Confortim
Nenhum comentário:
Postar um comentário