Nos anos
setenta na cidade de Pinhais, localizada na região metropolitana de Curitiba,
existia uma mulher apelidada de Neka. Esta jovem era casada com, Marcos, um
caminhoneiro e era filha de Giulia, a melhor costureira da região. Apesar de
aparentar felicidade, Neka tinha um problema, pois estava casada há cinco anos,
com o seu marido, e não conseguia realizar o seu maior sonho que era de ter um
filho. A moça tinha consultado diversos médicos, que afirmaram a necessidade do
seu esposo fazer exames também. Mas, Marcos nunca aceitou esta possibilidade.
Então, um
certo dia, Neka resolveu procurar uma bruxa para poder engravidar. A feiticeira
pediu para que ela levasse um coelho encantado para a casa e disse:
- Este
animal tem poderes sobrenaturais e trará um filho a você. Porém, para isto é
necessário que você deixe este coelho em seu quarto toda a vez que seu marido
estiver viajando.
Neka
pagou a “ curandeira” e levou o animal para casa. Assim ela batizou o bicho de
Toby.
Naquela
mesma noite, ela deixou o coelho em seu quarto, já que seu marido estava
entregando uma carga em outro estado. Assim a dama pegou no sono com
facilidade. Porém, de repente, ela despertou no meio da noite ao ser tocada por
um homem estranho que era loiro, alto e dentuço. Naquele instante Neka iria
gritar, mas o rapaz tapou a boca dela e explicou:
- Por
favor, não grite.
- Pois,
sou Toby, o seu coelho mágico.
- Durante
o dia eu sou um simples animal. Porém, de noite eu viro um homem com o objetivo
de realizar o seu maior sonho.
Após esta
explicação o moço foi tão carinhoso com a jovem, que ela acabou cedendo aos
seus encantos. A partir daquela noite em diante, Toby e Neka se amavam,
enquanto Marcos viajava.
O marido
daquela moça só parava em casa de vez em quando, por causa de sua profissão de
caminhoneiro, o que fez com que Toby e Neka vivessem um verdadeiro romance.
Alguns
meses depois, a moça anunciou a Marcos, que estava grávida, o caminhoneiro
ficou radiante e Toby, misteriosamente, desapareceu.
Nove
meses depois, Neka deu a luz a um menino que chamou de Maurício. Porém, na
primeira vez que seu esposo viu este bebê ralhou:
- Este
menino não pode ser meu filho. Pois, nós dois temos a pele morena, estilo
jambo, e esta criança veio branca, loira e de olhos azuis!
Naquele
momento, Marcos deu uma surra tão grande em Neka, que ela decidiu
abandonar o marido e sair da cidade. Então, esta moça deixou o filho aos cuidados
de sua mãe, Giulia, que criou o neto com carinho. Na escola, o apelido do
garoto passou a ser Coelho, por causa da sua aparência física: loiro, de olhos
azuis e com os dentes da frente enormes.
Ainda
criança, Maurício fez amizade com seu Lélio, que criava coelhos em seu quintal.
O garoto ficava horas admirando aquela criação. Até que quando ele completou
dezessete anos de idade, este rapaz foi convidado para trabalhar na criação de
coelhos deste senhor.
O
problema é que neste aniversário de dezessete anos, Maurício teve um pesadelo
estranho: ele sonhou que virava um coelho nas noites de Lua Cheia.
Quando
Maurício completou dezoito anos, dona Giulia teve um derrame e parou na UTI.
Deste jeito, o rapaz entrou em uma igreja e prometeu ao Poder Superior, que
caso a sua avó saísse viva e ilesa, ele se vestiria de coelho e distribuiria
ovos de chocolate, na Páscoa, para as crianças carentes na região.
No dia
seguinte, Giulia melhorou bastante e saiu do hospital. Desta maneira, seu neto
foi até a igreja e agradeceu a Deus. Naquele mesmo ano, Maurício cumpriu a
promessa: vestido de coelho distribuiu ovos de chocolate para as crianças das
comunidades carentes de Pinhais, na Páscoa.
Porém, o
tempo correu e Maurício passou a andar com más companhias, que levaram o pobre
para o mundo das drogas. Uma vez, por causa dos tóxicos, este rapaz entrou no
quintal de uma casa e roubou a bicicleta de Alexandre, um vizinho com fama de
encrenqueiro. Hilda, a irmã do valentão, viu tudo e espalhou a notícia.
Naquele
mesmo dia, enquanto Maurício usava drogas num bosque, Alexandre e seus amigos:
Douglas e Márcio mataram o pobre a facadas.
Porém,
alguns minutos depois, o líder do crime chegou em casa e gritou para Eulália,
sua mãe:
- Matei o
coelho!
A mulher
perguntou:
- Um dos
coelhos da criação do Lélio?
Alexandre
respondeu:
- Não
- Eu
matei foi o coelho da Giulia.
Depois
desta revelação, Eulália mandou o filho e seus comparsas confessarem o crime
para a polícia. Mas, eles puderam responder ao crime em liberdade.
Numa tarde
sombria, Alexandre estava trabalhando sozinho em sua oficina mecânica quando,
de repente, alguém entrou e espancou este homem com uma chave inglesa.
Alexandre não resistiu aos ferimentos e morreu na hora. A polícia notou que
existiam pegadas sangrentas de coelho no local.
Algum
tempo depois, Douglas, enquanto tomava banho, escorregou no banheiro, bateu a
cabeça no chão e morreu. Aqui o interessante é que a perícia notou que havia
pegadas vermelhas de coelho no local.
Dias após
este ocorrido, Márcio teve um acidente de moto e foi levado para um hospital.
Alguém desligou os aparelhos, com o rapaz ainda vivo, e um médico notou que
existiam pegadas carmins de coelho no quarto.
A partir
daquele mesmo ano, as crianças carentes da cidade continuaram a receber ovos de
chocolate, mas de uma forma estranha: elas acordavam na Páscoa, pela manhã, com
ovos debaixo de suas camas sem seus pais comprarem nada.
Reza a
lenda de que foi o espírito de Maurício que matou seus assassinos e que deixa
até hoje ovos de chocolate nos quartos das crianças carentes. Este causo ficou
conhecido como: A Lenda do Homem-Coelho de Pinhais.
Luciana
do Rocio Mallon
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