Deixar a casca do sono onde estive recolhida. Mundos
internos, o escuro se desfaz num meteoro breve.
À direita, um sol dourado como um poema do Oriente, templo
budista, toque de mestre, a conversão dos alquimistas. À esquerda, a estrela da
manhã, aquela que finge que chega, mas desaparece.
Neste dia sob os auspícios de Vênus em oposição à Marte, há
chances de guerra fria entre as mulheres e o deus que luta, até ferir de morte,
o verbo rasgado em tiras retilíneas.
Eu, que sou desmedida como as coisas do absurdo, descumpro
as regras da batalha dos planetas. Meus impulsos são irregulares, os humores
disformes. Ainda me deslumbro com o lótus, a tranquilidade me toma por pura
compaixão.
No Ocidente, Vênus fura o céu e se deita com Marte sem
palavras. No horizonte, guerrilhas explodem como o sexo, cuja fúria é fluido.
Vivo sob o signo da paz e do escândalo.
Silêncio é sândalo.
(Célia Musilli)
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