quinta-feira, 29 de agosto de 2013
A língua cinza do granizo | X
• Finitude,
ternura de ossos,
• um fosso tão
fundo
• que a luz se
intimida
• e a palavra
resvala como os olhos
• resvalam na
beleza,
• no pensamento
que se esconde
• quando muda de
sentido
• em sentido,
quando fala
• da nudez das
coisas entre sombras,
• a nudez do ser
na morte
• nua em ossos, a
morte em pétalas
• de olhos cada
vez mais claros
• que a recobrem
• enquanto dura o
instante da palavra,
• enquanto escorre
a alma
• e a tinta da
alma
• entre os dedos,
nas entrelinhas
• onde o coração
dispara;
• e por mais que o
tempo descubra
• sob as camadas
da pele,
• sempre a pele,
• a noite de que é
feita a face
• e a lua das
idades onde o tempo voa,
• a vida escreve
como a chuva escreve
• (os dedos em
dilúvio)
• o que nos
meandros latentes
• o escuro
murmura.
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