Num passado distante, havia no interior de Matogrosso um
homem chamado Douglas que era um lavrador muito ambicioso, pois sonhava em ser
um grande fazendeiro. Para realizar seu sonho ele procurou uma cigana da região
que ensinou-lhe simpatias para melhorar de vida. Assim este homem tornou-se um
dos fazendeiros mais ricos da região.
Um certo dia, a sua cidade recebeu a visita de uma
feiticeira famosa. Então Douglas procurou a bruxa com o objetivo de ficar mais
rico ainda. Logo, ela passou-lhe feitiços pesados e num deles ele teria que
matar um bode. O homem ficou na dúvida e pediu conselhos a sua amiga cigana que
disse-lhe:
- Por favor, não faça nenhum ritual que envolva mortes de
animais, principalmente, bodes. Pois, isto atrasa a vida.
- Você ficará com o corpo fechado, porém com nada no bolso.
O problema é que o agricultor não ligou para este comentário
e resolveu fazer o ritual.
Um mês depois da magia ele ganhou mais dinheiro. Porém,
depois o fazendeiro conheceu uma loira bonita que lhe seduziu e roubou todos os
seus bens, pois ela fez o agricultor passar todas as propriedades para seu
nome.
Douglas entrou em depressão e começou a beber. A sua amiga
cigana deu-lhe abrigo. Porém, como ela estava muito velha, faleceu poucos dias
depois.
Assim, este homem virou um mendigo. O tempo passou, uma
caravana de ciganos chegou na cidade e acolheu o rapaz.
Os ciganos armaram acampamento por pouco período e
resolveram partir para Curitiba. Assim, Douglas foi junto. Quando eles chegaram
na capital do Paraná, Douglas decidiu abandonar seus amigos, virar mendigo e
morar na rua em frente à Estação Guadalupe.
Reza a lenda que neste lugar havia um comerciante
temperamental, um ex-satanista que tinha se convertido a uma religião
evangélica. Este rapaz tinha o corpo todo tatuado com símbolos da sua religião
anterior, como: pentagrama invertido e o bode de Mendes.
O problema é que Douglas transformou-se em um viciado em
drogas e passou a vender crack na Estação Guadalupe, atitude que irritava o
comerciante.
Uma certa noite, o ex-fazendeiro e seus comparsas provocaram
e desrespeitaram este lojista. Assim, o rapaz ficou irritado, pegou uma barra
de ferro e bateu nos dois homens. Douglas foi o que mais apanhou, mas as
pessoas que presenciaram a briga ficaram assustadas, pois este morador de rua
nem sequer desmaiou e começou a gritar:
- Tenho corpo fechado !
- Tenho corpo fechado !
Reza a lenda que depois desta confusão ninguém mais viu o
ex-fazendeiro e seu amigo na região. Porém, o tráfico de drogas e os viciados
ainda incomodam as pessoas na Estação Guadalupe.
Luciana do Rocio Mallon
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